Se existisse uma categoria para aqueles que estão sempre a reconstruir as suas vidas eu, sem dúvida nenhuma, faria parte dela. A categoria dos 'recomeçadores'.
Existem pessoas que desenham uma linha a direito na sua vida. Estudam, conhecem o 'amor da sua vida' no liceu, arranjam um emprego 'Nine to Five', casam, mudam de emprego, têm filhos, vão até ao Algarve nas férias com a família toda, têm casais amigos para os jantares de sábado à noite. Em suma, são felizes com o que têm. A minha vida não tem sido assim. Tem sido uma constante mutação. Ziguezagues sem linhas rectas. Há dias que gostava de ter a 'vidinha', a sério que gostava. Trabalhar como secretária ou caixa de um banco, sair às 17h, ir para casa, pôr roupa a lavar, fazer o jantar para os miúdos, levar a cadela à rua, ao fim-de-semana ir lavar o carro, almoçar no restaurante do costume, passar 15 minutos a decidir para onde vamos e acabar por dar a voltinha domingueira. Pondo as coisas deste modo, sei que não parece muito interessante.
Mas, a verdade é que a maior parte de nós vive assim e é feliz.
Os 'recomeçadores' movem-se pela mudança. Temos objectivos e fazemos tudo para os conseguir desde: mudar de casa, não se acomodarem às relações e recomeçar constantemente o emprego. Alguns estão sempre a experimentar áreas novas, novas profissões, novas pessoas. Eu estou neste momento a recomeçar o meu próprio emprego. Uma nova estratégia, novos companheiros de batalha, nova área a explorar. Isto provoca um misto de entusiasmo e medo.
Em alguns momentos penso de como será confortável, cómodo ter a 'vidinha'.
O que vale é que me passa rapidamente.
Uns fazem desportos radicais outros fazem uma vida radical. Eu sou dos segundos.
Vamos lá fazer tudo outra vez.... Mas melhor!
quinta-feira, 4 de setembro de 2008
quarta-feira, 3 de setembro de 2008
Sobre a Maria
A Maria é a minha psicoterapeuta. Depois de repensar e repensar o que poderia fazer para tentar resolver uma série de questões pessoais, decidi optar por fazer psicoterapia.
A Maria foi-me 'indicada' pela minha médica. Ou, por outras palavras, ela depois de ver que eu fazia merda a seguir a merda, passou-se para o outro lado, decidiu que a brincadeira tinha acabado e que eu tinha de fazer alguma coisa por mim. No meio de alguns insultos passou-me o telefone dela com a indicação: é uma pessoa muito afectuosa.
Nesse dia saí de lá a sentir-me uma pessoa incapaz de resolver as coisas sozinha. Com muito custo lá liguei à Maria para marcar uma hora.
No primeiro dia foi bastante complicado. Não sabia o que dizer, ou melhor não queria falar com aquela pessoa que eu não conhecia de lado nenhum. No entanto, a primeira impressão foi positiva. Ela explicou-me exactamente o processo e eu expliquei-lhe o que pretendia daquela hora semanal.
A partir daí nunca mais me calei. Assim que me sento, começo a debitar as minhas incongruências.
Quando estou num dia não, a primeira coisa que faço é começar a pôr em questão o trabalho dela, o seu profissionalismo, a sua educação. Adoro porque ela nunca vacila, mantém-se firme e racionaliza as minhas questões argumentando com exemplos, citando este ou aquele psicólogo que eu acabei de denegrir e um século de conhecimento acumulado em relação à mente, sentimentos e afectos.
Apesar de não ser da escola freudiana, no dia em que pus em causa o 'pai' da psicologia, senti que por momentos teve quase a perder a calma. Acho que não gostou do facto de eu dizer que ele era um desiquilibrado sexual e reprimido nos afectos.
Estar com a Maria é bom. Naquela hora que estamos juntas eu posso falar de quem quiser (ela sabe o nome de todos, tem uma memória fantástica), de tudo e sem qualquer tipo de amarras ou preconceitos. A Maria é a minha mosqueteira. Tudo o que digo para ela tem um significado positivo. Mesmo as coisas más que sinto, a tristeza, a raiva, a insegurança, ela consegue sempre explicá-las de um modo muito pragmático, argumentativo, inteligente e faz-me realmente pensar sobre as coisas.
A Maria é uma defensora das mulheres, mesmo não a conhecendo a outro nível, sinto que ela é uma feminista. Mas não daquelas para as quais os homens não prestam. Ela preocupa-se genuinamente com a afirmação da mulher, sem para isso ter que odiar os homens.
As nossas sessões são muito simples: umas poltronas fantásticas, uma vista sobre a cidade deslumbrante e uma conversa inteligente. Se estivessemos a beber Cosmopolitans seria quase uma cena do 'Sexo e a Cidade'. A Maria é a Carrie, a Samantha, a Charlotte e a Miranda. Ou seja, eu ponho um assunto em debate e ela propõe-me logo ali três ou quatro teorias para explorarmos. Claro que com o passar do tempo, uma única teoria começa a desenvolver-se à minha volta. Estamos na fase em que ela quer que eu me liberte da culpa, acaba por ser interessante porque ela não é a única na minha vida que acha que eu carrego culpa desnecessária. Neste exercício é interessante como ela usa expressões como: que chato, mas isso é uma seca, pouca gente aguenta isso, não atendas, faz o que te apetece fazer. Eu acho que ela é um bocado louca. Os conselhos que ela me dá são acompanhados sempre com um: porque não? E acho que já apanhei esta expressão dela. A última sessão foi linda. Já não estávamos juntas há um mês por causa das férias. Decidi levar apontado tudo o que achava relevante que se tinha passado no último mês para lhe contar (uma cena típicamente virgem). E lá comecei a contar-lhe os pormenores e ela dando os seus bitates e fazendo-me perguntas sobre coisas que até eu já me tinha 'esquecido'. Acabou a nossa sessão com ela a dizer-me que eu tinha tido um mês muito complicado e que se calhar deveria aceitar os convites que me tinham feito. Ou seja, em bom português ela disse: mas se podes dar uma keka com quem quiseres porque é que não o fazes?
Talvez a Maria tenha razão, porque não?
A Maria foi-me 'indicada' pela minha médica. Ou, por outras palavras, ela depois de ver que eu fazia merda a seguir a merda, passou-se para o outro lado, decidiu que a brincadeira tinha acabado e que eu tinha de fazer alguma coisa por mim. No meio de alguns insultos passou-me o telefone dela com a indicação: é uma pessoa muito afectuosa.
Nesse dia saí de lá a sentir-me uma pessoa incapaz de resolver as coisas sozinha. Com muito custo lá liguei à Maria para marcar uma hora.
No primeiro dia foi bastante complicado. Não sabia o que dizer, ou melhor não queria falar com aquela pessoa que eu não conhecia de lado nenhum. No entanto, a primeira impressão foi positiva. Ela explicou-me exactamente o processo e eu expliquei-lhe o que pretendia daquela hora semanal.
A partir daí nunca mais me calei. Assim que me sento, começo a debitar as minhas incongruências.
Quando estou num dia não, a primeira coisa que faço é começar a pôr em questão o trabalho dela, o seu profissionalismo, a sua educação. Adoro porque ela nunca vacila, mantém-se firme e racionaliza as minhas questões argumentando com exemplos, citando este ou aquele psicólogo que eu acabei de denegrir e um século de conhecimento acumulado em relação à mente, sentimentos e afectos.
Apesar de não ser da escola freudiana, no dia em que pus em causa o 'pai' da psicologia, senti que por momentos teve quase a perder a calma. Acho que não gostou do facto de eu dizer que ele era um desiquilibrado sexual e reprimido nos afectos.
Estar com a Maria é bom. Naquela hora que estamos juntas eu posso falar de quem quiser (ela sabe o nome de todos, tem uma memória fantástica), de tudo e sem qualquer tipo de amarras ou preconceitos. A Maria é a minha mosqueteira. Tudo o que digo para ela tem um significado positivo. Mesmo as coisas más que sinto, a tristeza, a raiva, a insegurança, ela consegue sempre explicá-las de um modo muito pragmático, argumentativo, inteligente e faz-me realmente pensar sobre as coisas.
A Maria é uma defensora das mulheres, mesmo não a conhecendo a outro nível, sinto que ela é uma feminista. Mas não daquelas para as quais os homens não prestam. Ela preocupa-se genuinamente com a afirmação da mulher, sem para isso ter que odiar os homens.
As nossas sessões são muito simples: umas poltronas fantásticas, uma vista sobre a cidade deslumbrante e uma conversa inteligente. Se estivessemos a beber Cosmopolitans seria quase uma cena do 'Sexo e a Cidade'. A Maria é a Carrie, a Samantha, a Charlotte e a Miranda. Ou seja, eu ponho um assunto em debate e ela propõe-me logo ali três ou quatro teorias para explorarmos. Claro que com o passar do tempo, uma única teoria começa a desenvolver-se à minha volta. Estamos na fase em que ela quer que eu me liberte da culpa, acaba por ser interessante porque ela não é a única na minha vida que acha que eu carrego culpa desnecessária. Neste exercício é interessante como ela usa expressões como: que chato, mas isso é uma seca, pouca gente aguenta isso, não atendas, faz o que te apetece fazer. Eu acho que ela é um bocado louca. Os conselhos que ela me dá são acompanhados sempre com um: porque não? E acho que já apanhei esta expressão dela. A última sessão foi linda. Já não estávamos juntas há um mês por causa das férias. Decidi levar apontado tudo o que achava relevante que se tinha passado no último mês para lhe contar (uma cena típicamente virgem). E lá comecei a contar-lhe os pormenores e ela dando os seus bitates e fazendo-me perguntas sobre coisas que até eu já me tinha 'esquecido'. Acabou a nossa sessão com ela a dizer-me que eu tinha tido um mês muito complicado e que se calhar deveria aceitar os convites que me tinham feito. Ou seja, em bom português ela disse: mas se podes dar uma keka com quem quiseres porque é que não o fazes?
Talvez a Maria tenha razão, porque não?
terça-feira, 2 de setembro de 2008
Sobre estar sem chão
Estou sem chão mas sinto-me cada vez mais firme.
Estou sempre em guerra e tenho cada vez mais paz.
Existem momentos em que as nossas próprias forças nos surpreendem.
Estou sempre em guerra e tenho cada vez mais paz.
Existem momentos em que as nossas próprias forças nos surpreendem.
segunda-feira, 1 de setembro de 2008
Retrato
No teu rosto começa a madrugada.
Luz abrindo,
De rosa em rosa,
Transparente e molhada.
Melodia
Distante mas segura;
Irrompendo da terra,
Quente, redonda, madura.
Mar imenso,
Praia deserta, horizontal e calma.
Sabor agreste.
Rosto da minha alma.
Eugénio de Andrade
P.S. Depois de tudo o que se passou hoje. Por momentos vi Eugénio...
Luz abrindo,
De rosa em rosa,
Transparente e molhada.
Melodia
Distante mas segura;
Irrompendo da terra,
Quente, redonda, madura.
Mar imenso,
Praia deserta, horizontal e calma.
Sabor agreste.
Rosto da minha alma.
Eugénio de Andrade
P.S. Depois de tudo o que se passou hoje. Por momentos vi Eugénio...
Sobre os timings
A minha experiência diz-me que o povo tem razão. Um dos meus ditados preferidos é: Não há fome que não dê em fartura...
O universo é como a internet. A sério que é. Quando estás offline e precisas de alguém que te estenda a mão ninguém te procura, quando estás online toda a gente quer falar contigo.
O mais engraçado é que não tens que fazer absolutamente nada. Acontece realmente.
Pela minha experiência, o que posso dizer é: quando começas a estar disponível para uma relação, tens logo uma data de pessoas que querem ter 'relações' contigo.
Quando era mais nova a minha teoria assentava nas feromonas. Achava que era uma coisa química. O teu cérebro dizia às tuas hormonas: Ok pessoal toca aí a emanar uns odores que esta gaja está disponível. Mas, isso era no tempo em que não existiam os telemóveis, a internet, o messenger...
Agora, acho que só pode ser mesmo uma questão de energia. E, deve ser bem poderosa, porque neste fim-de-semana já recebi 1 email e 2 sms (a horas impróprias).
Logo agora que tinha decidido que quero é o amor. Tudo bem que já tinha decidido isto antes, mas depois chega a uma altura que precisamos de um abraço e que alguém fique para passar a noite. Isto não é possível com todos.
Ou melhor, é quase impossível de acontecer, ou se sente afecto pela pessoa ou simplesmente isso não existe. Não vou voltar à fase em que a minha frase mais proferida era: Tens dinheiro para o táxi?
No entanto, se o amor anda 'distraído' e não quer olhar para nós, o que fazer?
Should I stay our should I go?
O universo é como a internet. A sério que é. Quando estás offline e precisas de alguém que te estenda a mão ninguém te procura, quando estás online toda a gente quer falar contigo.
O mais engraçado é que não tens que fazer absolutamente nada. Acontece realmente.
Pela minha experiência, o que posso dizer é: quando começas a estar disponível para uma relação, tens logo uma data de pessoas que querem ter 'relações' contigo.
Quando era mais nova a minha teoria assentava nas feromonas. Achava que era uma coisa química. O teu cérebro dizia às tuas hormonas: Ok pessoal toca aí a emanar uns odores que esta gaja está disponível. Mas, isso era no tempo em que não existiam os telemóveis, a internet, o messenger...
Agora, acho que só pode ser mesmo uma questão de energia. E, deve ser bem poderosa, porque neste fim-de-semana já recebi 1 email e 2 sms (a horas impróprias).
Logo agora que tinha decidido que quero é o amor. Tudo bem que já tinha decidido isto antes, mas depois chega a uma altura que precisamos de um abraço e que alguém fique para passar a noite. Isto não é possível com todos.
Ou melhor, é quase impossível de acontecer, ou se sente afecto pela pessoa ou simplesmente isso não existe. Não vou voltar à fase em que a minha frase mais proferida era: Tens dinheiro para o táxi?
No entanto, se o amor anda 'distraído' e não quer olhar para nós, o que fazer?
Should I stay our should I go?
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