quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Sobre começar do zero

Se existisse uma categoria para aqueles que estão sempre a reconstruir as suas vidas eu, sem dúvida nenhuma, faria parte dela. A categoria dos 'recomeçadores'.
Existem pessoas que desenham uma linha a direito na sua vida. Estudam, conhecem o 'amor da sua vida' no liceu, arranjam um emprego 'Nine to Five', casam, mudam de emprego, têm filhos, vão até ao Algarve nas férias com a família toda, têm casais amigos para os jantares de sábado à noite. Em suma, são felizes com o que têm. A minha vida não tem sido assim. Tem sido uma constante mutação. Ziguezagues sem linhas rectas. Há dias que gostava de ter a 'vidinha', a sério que gostava. Trabalhar como secretária ou caixa de um banco, sair às 17h, ir para casa, pôr roupa a lavar, fazer o jantar para os miúdos, levar a cadela à rua, ao fim-de-semana ir lavar o carro, almoçar no restaurante do costume, passar 15 minutos a decidir para onde vamos e acabar por dar a voltinha domingueira. Pondo as coisas deste modo, sei que não parece muito interessante.
Mas, a verdade é que a maior parte de nós vive assim e é feliz.
Os 'recomeçadores' movem-se pela mudança. Temos objectivos e fazemos tudo para os conseguir desde: mudar de casa, não se acomodarem às relações e recomeçar constantemente o emprego. Alguns estão sempre a experimentar áreas novas, novas profissões, novas pessoas. Eu estou neste momento a recomeçar o meu próprio emprego. Uma nova estratégia, novos companheiros de batalha, nova área a explorar. Isto provoca um misto de entusiasmo e medo.
Em alguns momentos penso de como será confortável, cómodo ter a 'vidinha'.
O que vale é que me passa rapidamente.
Uns fazem desportos radicais outros fazem uma vida radical. Eu sou dos segundos.
Vamos lá fazer tudo outra vez.... Mas melhor!


Um comentário:

Anônimo disse...

Antes de mais, quero desejar-te toda a felicidade do mundo nesta nova fase. Bem sei que não tem sido fácil...

Uma outra coisa que te quero dizer, e aqui digo-o publicamente, é que tu és e sempre foste uma espécie de 'role-model' à distância para mim. És aquela prima mais velha que é inteligente. Que é gira. Que é divertida. Que é independente. Que tem tudo o que tem hoje graças ao seu trabalho e empenho. Que tem uma casa. Que muda de penteado quando quer. Que se pinta com rímel e eyeliner e tudo. Que gosta da versatilidade. Que adora o amor e conversar sobre paixões.

Não sei porquê, mas penso que todos nós desejamos um pouco aquilo que não temos. Faz parte de alcançarmos um balanço que raramente temos. Todos nós somos, na verdade, 'recomeçadores' e queremos possuir essa capacidade de mudança. As pessoas com a vida 'nine-to-five / twenty-four-seven', na verdade, anseiam ter aquilo que tu tens: a liberdade, a criatividade, esse poder de constante mutação e renovação... porque consideram a sua própria vida como algo a que se acomodaram, como algo garantido, como algo entediante.

Se calhar estás cansada da aventura. Mas isso é bom, e permite-te 'assentar', amadurecer. Nunca nada pode ser inflexível, e isso é o lado engraçado da vida, é o que nos permite, um dia, sermos trapezistas de circo ou apresentadores da meteorologia. O único problema é que a nossa vida é curta demais para compreendermos as diversas capacidades e aptidões que temos.

Portanto, nunca te canses de experimentar, nem de recomeçar, porque isso é muito positivo.
E nunca de esqueças que há aqui uma miúda dentro de mim que te vai sempre admirar por seres aquilo que és e por chegares onde chegaste.