quarta-feira, 6 de maio de 2009

Apontamento

A minha alma partiu-se como um vaso vazio.
Caiu pela escada excessivamente abaixo.
Caiu das mãos da criada descuidada.
Caiu, fez-se em mais pedaços do que havia loiça no vaso.

Asneira? Impossível? Sei lá!
Tenho mais sensações do que tinha quando me sentia eu.
Sou um espalhamento de cacos sobre um capacho por sacudir.

Fiz barulho na queda como um vaso que se partia.
Os deuses que há debruçam-se do parapeito da escada.
E fitam os cacos que a criada deles fez de mim.

Não se zanguem com ela.
São tolerantes com ela.
O que era eu um vaso vazio?

Olham os cacos absurdamente conscientes,
Mas conscientes de si mesmos, não conscientes deles.

Olham e sorriem.
Sorriem tolerantes à criada involuntária.

Alastra a grande escadaria atapetada de estrelas.
Um caco brilha, virado do exterior lustroso, entre os astros.
A minha obra? A minha alma principal? A minha vida?
Um caco.
E os deuses olham-o especialmente, pois não sabem por que ficou ali.

Álvaro de Campos musicado maravilhosamente por Margarida Pinto


segunda-feira, 4 de maio de 2009

If I lay here

Hoje, o @nunogervasio dedicou-me esta música por ser a sua Follower nº 800 no Twitter. E como o mundo funciona de uma maneira estranha, esta é sem dúvida a melhor banda sonora para hoje...

If I lay here
If I just lay here
Would you lie with me and just forget the world?


quarta-feira, 29 de abril de 2009

ToDo - Uma casa numa ilha grega

Quando tinha aí uns 15 anos, tive um sonho. Existem sonhos que são muito nitídos e que ficam na nossa memória durante muitos anos. No meu sonho eu estava a descer uma ruazita feita de uma espécie de calçada. Estava descalça e o chão era quente. Parecia a rua principal de uma aldeia e descia até ao que parecia um pequeno porto, numa pequena praia. As casas eram muito pobres, simples e brancas. A praia estava cheia de pescadores com as embarcações. A praia não tinha areia, era de cascalho. E, eu tinha a sensação que morava ali e que ía comprar peixe. Nunca mais me esqueci deste sonho. Era muito vívido, natural, reconfortante. Nesta altura, a Grécia, para mim era apenas arte, democracia e história. Um dia vi uma fotografia de Santorini. Fiz uma associação imediata ao meu sonho.
Por este motivo gostava de ter uma casa numa ilha
grega.
Uma casa pequena, simples e branca.

terça-feira, 28 de abril de 2009

These are a few of my favorite things.

When I'm feeling sad,
I simply remember my favorite things,
And then I don't feel so bad.

...you are my favorite thing.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

ToDo - Fifteen

Gosto imenso do Chef Jamie Olivier. Pelas suas criações gastronómicas, pelo modo descomplicado com que olha para a confecção dos pratos e pela sua vertente social. Jamie utiliza a sua profissão e posição para ter uma atitude interveniente na sociedade, desde a concepção de menus equilibrados para as escolas públicas inglesas à criação de fundações.
Podem saber mais em jamieoliver.com
Por este motivo, o seu restaurante Fifteen encontra-se na minha lista de ToDo. Não unicamente porque posso usufruir de uma refeição de qualidade mas, também, porque tenho oportunidade de participar numa das suas inúmeras acções de intervenção. Fifteen são fundações com o objectivo de formar jovens carenciados na área da hotelaria. O seu programa passa pela formação até à criação dos restaurantes e consequentemente de postos de trabalho. Um dia gostaria de ver 'ao vivo' este projecto e contribuir para algo que está realmente a acontecer.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Movimento To Do

Decidi formar um movimento da qual sou a única participante. É o movimento ToDo.
No fundo a ideia é documentar coisas que gostaria de fazer, conhecer, pertencer. Vou fazê-lo aqui.
Digamos que é uma lista de sonhos, mas como sou realmente muito teimosa, sonhos para mim são objectivos; daí o nome To Do.... They are simply things I wanna do and I'm going to.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Sobre E eu não sei falar de amor...

A música dos Deolinda serve de pontapé de saída deste post.
Este é sobre as pessoas que não sabem falar de amor. Essas pessoas que nem sequer desconfiam que para se falar de amor não tem de se falar sobre amor.

Cada vez mais me apercebo desta grande incapacidade de amar ou de se mostrar que se ama. Não tenho nada de profundo para dizer em relação a isto. Nem sei sequer lidar com esta incapacidade e não a compreendo.

Peço desculpa a todos, mas não entendo. E aquelas coisas que se dizem: as relações têm que ser alimentadas todos os dias, uma relação só sobrevive se as pessoas estiverem dispostas a investir na relação, pois essas coisas que todos sabemos e que fazem capa de revista há não sei quantos anos, pois parece que é mesmo verdade.

Se és incoerente, se brincas com situações, se falas mais do que devias, se és intensa no modo como amas (tanto para o mal como para o bem) - se és assim, ai ai, que má que és. Não vales mesmo nada. Não sabes lidar com as pessoas. És muito exigente. Blá, blá, blá blá...

Mas, se por outro lado se vives a tua vida como se outro não existisse, como se o outro fosse apenas uma lembrança pequenina noutro país. Aí basta dizer: e eu não sei falar de amor...

Todos têm que aceitar?
Obrigada mas não gosto das regras deste jogo.
Já estou um bocado cansada de pessoas que não sabem falar de amor e que apenas me fazem interrogar se sabem o que é o amor.