sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Sobre os Amigos

Os nossos amigos sabem sempre o que fariam se estivessem no nosso lugar.

As relações de amizade são imprescindíveis? Será possível a isolação da verdadeira amizade?
Julgo que sim, conheço várias pessoas que os seus relacionamentos afectivos são pouco profundos, desinteressantes e circulam apenas na esfera do social.
No entanto, quando as ditas 'amizades' passam para um nível mais profundo, que direitos existem nestas relações?
Chega a um momento em que o papel de amigo evolui para um papel paternalista.
As pessoas julgam que por nos conhecerem há muitos anos, por nos acompanharem em diversas fases da vida nós somos límpidos e claros para eles.
Mas será que os amigos não vivem num estado constante de enamoramento? Não procurarão no outro o que lhes falta ou o que mais gostam neles próprios?
E não será mesmo esse o papel da amizade? Não será procurar algo que nos complete de algum modo?

Ver no outro a nossa força ou as nossas maiores fraquezas é apenas uma busca de nós próprios. A identificação é necessária, é no confronto com os outros que nos conhecemos.
Mas todos somos um prisma. Com várias facetas, vários eus. Na amizade também se assumem papéis. Quando pouco a pouco mostramos as várias vertentes que temos isso pode ser um choque para quem os rodeia. Quando alguém acha que cuida de nós quando na verdade nós apenas o deixamos pensar que isso acontece, em que pé fica a amizade?
Quando nos cansamos dos nossos papéis e desejamos que o outro nos veja como seres humanos completos, como reagir a esta exposição?
A primeira reacção é pôr a relação em causa. Já não me amas como me amavas. Já não precisas de mim. Sempre o eu.
O que será necessário para as pessoas compreenderem que numa relação o 'outro' tem tanto peso como o 'eu'?

2 comentários:

Anônimo disse...

Os amigos são a nossa voz da razão, e isso por vezes revolta-nos. Ficamos indignados por sermos tão transparentes perante alguém, não necessitarmos de falar nem agir para que eles adivinhem a nossa atitude e pensamento.
Todas as relações que ultrapassam a ténua linha do "eu", passando a invadir constantemente a persona do "outro", são perigosas. Não será o amor assim mesmo? Algo tão intenso que nos impele a entrar pelo outro, que nos faz exigir, que nos faz ficar vulneráveis? Por vezes deixamos as pessoas invadirem-nos... outras vezes, cansamo-nos. Porque mesmo penetrando o que somos, nem nós próprios sabemos o que somos realmente... seres em constante mutação.

Mata-Hari disse...

Concordo. Exactamente por isso. Exactamente por sermos muitas coisas. Não podem existir opiniões, julgamentos, conhecimentos e verdades absolutas.