Um dia, em conversa com um amigo que é cientista, ele dizia-me que o grau de inteligência se poderia medir pela complexidade de emoções. Ou seja, quanto menos emoções o nosso cérebro conseguisse reproduzir mais felizes seríamos e menos inteligentes também.
Interessante esta teoria.
Muitas vezes penso que as pessoas que se dedicam menos tempo a pensar e a dissertar sobre as situações são sem dúvida as que passam pela vida mais leves.
É incrível a quantidade de sentimentos que o nosso cérebro consegue produzir em determinadas situações.
O meu processo emocional nas situações mais difíceis tem sempre o mesmo final - a tristeza. Acho que o corpo e a alma ficam tão desgastados na procura de justificações e alternativas que acaba por ceder. Tenho uma grande incapacidade, não consigo odiar, não consigo sentir raiva por uma pessoa durante muito tempo. Todos os sentimentos provocados por uma situação acabam por se resumir a este estado letárgico.
Hoje não consigo deixar de sentir uma tristeza profunda. Daquelas que criam um vazio na alma e nos consomem todo o ser. Era tão melhor que as pessoas pudessem olhar para dentro umas das outras e vissem realmente o que se passa. Era tão mais simples se as pessoas fossem simples. Mas não somos e muitas vezes reagimos da pior maneira possível.
Hoje sou uma pessoa diferente, hoje sei que tenho o direito de me sentir magoada com alguém. Cheguei a uma fase da minha vida em que decidi me pôr em primeiro lugar. As pessoas não têm o direito de fazerem aquilo que querem e esperar sempre compreensão de mim. Também tenho o direito de sofrer. Não posso e não quero perdoar tudo o que me fazem.
Proteger-me não me deixa mais feliz. Não me entregar não me deixa mais feliz.
Estou simplesmente triste.
sexta-feira, 26 de setembro de 2008
terça-feira, 23 de setembro de 2008
Apontamento
Tenho a leve sensação que está toda a gente louca.
P.S. O próximo post será sem dúvida sobre a loucura, estou é ainda a digerir a informação.
P.S. O próximo post será sem dúvida sobre a loucura, estou é ainda a digerir a informação.
segunda-feira, 15 de setembro de 2008
Sobre a Madonna
Sim, vou falar da Madonna. Ou melhor, vou falar das mulheres no séc. XXI. Quer se goste ou não da Madonna, ela é um símbolo da luta feminina. Ela trouxe para a praça pública uma série de questões importantes em relação ao papel da mulher na sociedade.
Estas são as questões que acho mais relevantes:
1. Como se gere uma carreira nos dias de hoje.
Não existe nenhuma fórmula especial para se gerir uma carreira. Apenas é preciso inteligência.
Em primeiro lugar, é necessário acreditar. Sem isto nada é possível. Temos, obrigatoriamente de acreditar nas nossas capacidades. Temos que ser humildes ao ponto de identificarmos as nossas fraquezas e, em seguida rodear-nos das pessoas que fazem melhor que nós, ou seja, delegar funções. Temos que fasear bem a nossa progressão. É imprescindível estabelecer objectivos realistas e caminhar sempre focada no objectivo geral.
2. A mulher e o desejo
Chegando aos 4 cantos do mundo, Madonna mostrou que a mulher, mais do que um elemento erótico para o homem, tem desejo, fantasia e poder sexual. Falou de masturbação, ménage, lesbianismo, orgia, sado-masoquismo, iniciativa sexual, ou seja, conseguiu pôr todo o mundo a falar de sexo. Neste aspecto, fez mais pela libertação sexual da mulher, do que muitas feministas.
Madonna começou a falar disto nos saudosos anos 80. Hoje passaram mais de 20 anos e, infelizmente, o papel da mulher no sexo continua, na nossa sociedade, a ser tratado como tabu. A sociedade, a educação e tudo o que nos rodeia, continua a propagar uma mentalidade pequena, mesquinha e preconceituosa na cabeça das mulheres e pior de tudo na cabeça dos homens.
Curto e grosso: os homens gostam de foder mas não gostam de ser fodidos!
Admiram as mulheres independentes, com poder, que ganham mais do que eles, sensuais e sexuais, que são as que tomam a iniciativa numa relação mas, apenas admiram. Quando lhes aparece uma à frente não têm capacidade de lidar com elas. E podem dizer que sou preconceituosa, que não posso julgar todas as pessoas pela mesma bitola, mas a verdade é que mais do que falar eu já vivi estas situações. Os homens são muito inseguros e assustam-se facilmente. Pensam que de algum modo não estão à altura. Claro que isto é mentira. Não existe quem está mais acima ou abaixo. Todos somos diferentes. Talvez quando compreenderem isso as coisas mudem.
Os homens divertem-me com os seus julgamentos sobre o sexo feminino. Acham que por uma mulher tomar a iniciativa já está perdidamente apaixonada. Assusta-os pensar que naquele momento, essa mulher o que teve foi tesão por ele e só isso. Acho que tudo mexe com o ego. O homem pode transformar a mulher em objecto sexual mas, quando o contrário se passa, já não é possível. E mesmo depois de perguntarem e nós esclarecermos eles continuam a pensar o mesmo.
Como dizia anteriormente, as pessoas não são tão inteligentes como pensamos...
3. Mãe, mulher, amante, profissional, etc, etc, etc...
O prisma fantástico que as mulheres têm e a capacidade de conseguirem fazer o seu melhor em todas as circunstâncias. Não tem que se optar, pode-se ter tudo, fazer tudo, basta querer e saber, claro. Não vou ser hipócrita ao dizer que está ao alcance de todos. Mas, está com certeza, ao alcance daqueles que não desistem.
Estas são as questões que acho mais relevantes:
1. Como se gere uma carreira nos dias de hoje.
Não existe nenhuma fórmula especial para se gerir uma carreira. Apenas é preciso inteligência.
Em primeiro lugar, é necessário acreditar. Sem isto nada é possível. Temos, obrigatoriamente de acreditar nas nossas capacidades. Temos que ser humildes ao ponto de identificarmos as nossas fraquezas e, em seguida rodear-nos das pessoas que fazem melhor que nós, ou seja, delegar funções. Temos que fasear bem a nossa progressão. É imprescindível estabelecer objectivos realistas e caminhar sempre focada no objectivo geral.
2. A mulher e o desejo
Chegando aos 4 cantos do mundo, Madonna mostrou que a mulher, mais do que um elemento erótico para o homem, tem desejo, fantasia e poder sexual. Falou de masturbação, ménage, lesbianismo, orgia, sado-masoquismo, iniciativa sexual, ou seja, conseguiu pôr todo o mundo a falar de sexo. Neste aspecto, fez mais pela libertação sexual da mulher, do que muitas feministas.
Madonna começou a falar disto nos saudosos anos 80. Hoje passaram mais de 20 anos e, infelizmente, o papel da mulher no sexo continua, na nossa sociedade, a ser tratado como tabu. A sociedade, a educação e tudo o que nos rodeia, continua a propagar uma mentalidade pequena, mesquinha e preconceituosa na cabeça das mulheres e pior de tudo na cabeça dos homens.
Curto e grosso: os homens gostam de foder mas não gostam de ser fodidos!
Admiram as mulheres independentes, com poder, que ganham mais do que eles, sensuais e sexuais, que são as que tomam a iniciativa numa relação mas, apenas admiram. Quando lhes aparece uma à frente não têm capacidade de lidar com elas. E podem dizer que sou preconceituosa, que não posso julgar todas as pessoas pela mesma bitola, mas a verdade é que mais do que falar eu já vivi estas situações. Os homens são muito inseguros e assustam-se facilmente. Pensam que de algum modo não estão à altura. Claro que isto é mentira. Não existe quem está mais acima ou abaixo. Todos somos diferentes. Talvez quando compreenderem isso as coisas mudem.
Os homens divertem-me com os seus julgamentos sobre o sexo feminino. Acham que por uma mulher tomar a iniciativa já está perdidamente apaixonada. Assusta-os pensar que naquele momento, essa mulher o que teve foi tesão por ele e só isso. Acho que tudo mexe com o ego. O homem pode transformar a mulher em objecto sexual mas, quando o contrário se passa, já não é possível. E mesmo depois de perguntarem e nós esclarecermos eles continuam a pensar o mesmo.
Como dizia anteriormente, as pessoas não são tão inteligentes como pensamos...
3. Mãe, mulher, amante, profissional, etc, etc, etc...
O prisma fantástico que as mulheres têm e a capacidade de conseguirem fazer o seu melhor em todas as circunstâncias. Não tem que se optar, pode-se ter tudo, fazer tudo, basta querer e saber, claro. Não vou ser hipócrita ao dizer que está ao alcance de todos. Mas, está com certeza, ao alcance daqueles que não desistem.
sexta-feira, 12 de setembro de 2008
...
A ignorância e a limitação de pensamento acarreta em si as maiores injustiças.
Todos os dias aprendemos qualquer coisa. As pessoas não são tão inteligentes como julgamos.
Todos os dias aprendemos qualquer coisa. As pessoas não são tão inteligentes como julgamos.
quarta-feira, 10 de setembro de 2008
Sobre a idade
Fazer anos é uma merda! Não me venham com essas tretas da celebração da vida. A verdade é que à medida que o tempo passa tens menos oportunidades de 'viver'. Quando fazes anos não te lembras do que já fizeste mas sim do que ainda tens para fazer. E, parece cada vez menos tempo.
Pode parecer um bocado exagerado porque hoje em dia 32 anos não é nada. Mas, não me importo de ser exagerada. Importo-me de estar a fazer a soma dos 30. Isso é que me lixa. Com os problemas de idade dos outros posso eu bem. Quando fiz 30 anos, fiz questão de ir para fora do país e não falar com ninguém. Passei os meus 30 anos em Marrocos a percorrer uma medina e super-deprimida. Não me sinto na fase dos 30. Sinto-me com 27 anos. Acho que 27 é a idade ideal, perfeita. Sentimos que conseguimos fazer tudo e já temos maturidade suficiente para o fazer.
Hoje, ao fazer 32 anos, sinto o que mais odeio sentir: solidão. E, por este motivo, é que não gosto de fazer anos. É que nos outros dias não me lembro tanto disto.
Pode parecer um bocado exagerado porque hoje em dia 32 anos não é nada. Mas, não me importo de ser exagerada. Importo-me de estar a fazer a soma dos 30. Isso é que me lixa. Com os problemas de idade dos outros posso eu bem. Quando fiz 30 anos, fiz questão de ir para fora do país e não falar com ninguém. Passei os meus 30 anos em Marrocos a percorrer uma medina e super-deprimida. Não me sinto na fase dos 30. Sinto-me com 27 anos. Acho que 27 é a idade ideal, perfeita. Sentimos que conseguimos fazer tudo e já temos maturidade suficiente para o fazer.
Hoje, ao fazer 32 anos, sinto o que mais odeio sentir: solidão. E, por este motivo, é que não gosto de fazer anos. É que nos outros dias não me lembro tanto disto.
segunda-feira, 8 de setembro de 2008
Let's not talk about love - Heather Nova
I don't know if I love you
Or if it's all in my head
I don't know if I love you
Though I know it's what I said
Or if it's all in my head
I don't know if I love you
Though I know it's what I said
Cuz love is something I don't understand
Can't explain, I can't hold in my hand
But I'll stay here tonight
And I'll keep the flame alight
But let's not talk about love
I don't know if I love you
Though I feel some pain
I don't know if I love you
Or if I'm playing the game
Cuz love is something I don't understand
Can't explain, I can't hold in my hand
But I'll stay here tonight
And I'll make you feel alright
But let's not talk about love
quinta-feira, 4 de setembro de 2008
Sobre começar do zero
Se existisse uma categoria para aqueles que estão sempre a reconstruir as suas vidas eu, sem dúvida nenhuma, faria parte dela. A categoria dos 'recomeçadores'.
Existem pessoas que desenham uma linha a direito na sua vida. Estudam, conhecem o 'amor da sua vida' no liceu, arranjam um emprego 'Nine to Five', casam, mudam de emprego, têm filhos, vão até ao Algarve nas férias com a família toda, têm casais amigos para os jantares de sábado à noite. Em suma, são felizes com o que têm. A minha vida não tem sido assim. Tem sido uma constante mutação. Ziguezagues sem linhas rectas. Há dias que gostava de ter a 'vidinha', a sério que gostava. Trabalhar como secretária ou caixa de um banco, sair às 17h, ir para casa, pôr roupa a lavar, fazer o jantar para os miúdos, levar a cadela à rua, ao fim-de-semana ir lavar o carro, almoçar no restaurante do costume, passar 15 minutos a decidir para onde vamos e acabar por dar a voltinha domingueira. Pondo as coisas deste modo, sei que não parece muito interessante.
Mas, a verdade é que a maior parte de nós vive assim e é feliz.
Os 'recomeçadores' movem-se pela mudança. Temos objectivos e fazemos tudo para os conseguir desde: mudar de casa, não se acomodarem às relações e recomeçar constantemente o emprego. Alguns estão sempre a experimentar áreas novas, novas profissões, novas pessoas. Eu estou neste momento a recomeçar o meu próprio emprego. Uma nova estratégia, novos companheiros de batalha, nova área a explorar. Isto provoca um misto de entusiasmo e medo.
Em alguns momentos penso de como será confortável, cómodo ter a 'vidinha'.
O que vale é que me passa rapidamente.
Uns fazem desportos radicais outros fazem uma vida radical. Eu sou dos segundos.
Vamos lá fazer tudo outra vez.... Mas melhor!
Existem pessoas que desenham uma linha a direito na sua vida. Estudam, conhecem o 'amor da sua vida' no liceu, arranjam um emprego 'Nine to Five', casam, mudam de emprego, têm filhos, vão até ao Algarve nas férias com a família toda, têm casais amigos para os jantares de sábado à noite. Em suma, são felizes com o que têm. A minha vida não tem sido assim. Tem sido uma constante mutação. Ziguezagues sem linhas rectas. Há dias que gostava de ter a 'vidinha', a sério que gostava. Trabalhar como secretária ou caixa de um banco, sair às 17h, ir para casa, pôr roupa a lavar, fazer o jantar para os miúdos, levar a cadela à rua, ao fim-de-semana ir lavar o carro, almoçar no restaurante do costume, passar 15 minutos a decidir para onde vamos e acabar por dar a voltinha domingueira. Pondo as coisas deste modo, sei que não parece muito interessante.
Mas, a verdade é que a maior parte de nós vive assim e é feliz.
Os 'recomeçadores' movem-se pela mudança. Temos objectivos e fazemos tudo para os conseguir desde: mudar de casa, não se acomodarem às relações e recomeçar constantemente o emprego. Alguns estão sempre a experimentar áreas novas, novas profissões, novas pessoas. Eu estou neste momento a recomeçar o meu próprio emprego. Uma nova estratégia, novos companheiros de batalha, nova área a explorar. Isto provoca um misto de entusiasmo e medo.
Em alguns momentos penso de como será confortável, cómodo ter a 'vidinha'.
O que vale é que me passa rapidamente.
Uns fazem desportos radicais outros fazem uma vida radical. Eu sou dos segundos.
Vamos lá fazer tudo outra vez.... Mas melhor!
quarta-feira, 3 de setembro de 2008
Sobre a Maria
A Maria é a minha psicoterapeuta. Depois de repensar e repensar o que poderia fazer para tentar resolver uma série de questões pessoais, decidi optar por fazer psicoterapia.
A Maria foi-me 'indicada' pela minha médica. Ou, por outras palavras, ela depois de ver que eu fazia merda a seguir a merda, passou-se para o outro lado, decidiu que a brincadeira tinha acabado e que eu tinha de fazer alguma coisa por mim. No meio de alguns insultos passou-me o telefone dela com a indicação: é uma pessoa muito afectuosa.
Nesse dia saí de lá a sentir-me uma pessoa incapaz de resolver as coisas sozinha. Com muito custo lá liguei à Maria para marcar uma hora.
No primeiro dia foi bastante complicado. Não sabia o que dizer, ou melhor não queria falar com aquela pessoa que eu não conhecia de lado nenhum. No entanto, a primeira impressão foi positiva. Ela explicou-me exactamente o processo e eu expliquei-lhe o que pretendia daquela hora semanal.
A partir daí nunca mais me calei. Assim que me sento, começo a debitar as minhas incongruências.
Quando estou num dia não, a primeira coisa que faço é começar a pôr em questão o trabalho dela, o seu profissionalismo, a sua educação. Adoro porque ela nunca vacila, mantém-se firme e racionaliza as minhas questões argumentando com exemplos, citando este ou aquele psicólogo que eu acabei de denegrir e um século de conhecimento acumulado em relação à mente, sentimentos e afectos.
Apesar de não ser da escola freudiana, no dia em que pus em causa o 'pai' da psicologia, senti que por momentos teve quase a perder a calma. Acho que não gostou do facto de eu dizer que ele era um desiquilibrado sexual e reprimido nos afectos.
Estar com a Maria é bom. Naquela hora que estamos juntas eu posso falar de quem quiser (ela sabe o nome de todos, tem uma memória fantástica), de tudo e sem qualquer tipo de amarras ou preconceitos. A Maria é a minha mosqueteira. Tudo o que digo para ela tem um significado positivo. Mesmo as coisas más que sinto, a tristeza, a raiva, a insegurança, ela consegue sempre explicá-las de um modo muito pragmático, argumentativo, inteligente e faz-me realmente pensar sobre as coisas.
A Maria é uma defensora das mulheres, mesmo não a conhecendo a outro nível, sinto que ela é uma feminista. Mas não daquelas para as quais os homens não prestam. Ela preocupa-se genuinamente com a afirmação da mulher, sem para isso ter que odiar os homens.
As nossas sessões são muito simples: umas poltronas fantásticas, uma vista sobre a cidade deslumbrante e uma conversa inteligente. Se estivessemos a beber Cosmopolitans seria quase uma cena do 'Sexo e a Cidade'. A Maria é a Carrie, a Samantha, a Charlotte e a Miranda. Ou seja, eu ponho um assunto em debate e ela propõe-me logo ali três ou quatro teorias para explorarmos. Claro que com o passar do tempo, uma única teoria começa a desenvolver-se à minha volta. Estamos na fase em que ela quer que eu me liberte da culpa, acaba por ser interessante porque ela não é a única na minha vida que acha que eu carrego culpa desnecessária. Neste exercício é interessante como ela usa expressões como: que chato, mas isso é uma seca, pouca gente aguenta isso, não atendas, faz o que te apetece fazer. Eu acho que ela é um bocado louca. Os conselhos que ela me dá são acompanhados sempre com um: porque não? E acho que já apanhei esta expressão dela. A última sessão foi linda. Já não estávamos juntas há um mês por causa das férias. Decidi levar apontado tudo o que achava relevante que se tinha passado no último mês para lhe contar (uma cena típicamente virgem). E lá comecei a contar-lhe os pormenores e ela dando os seus bitates e fazendo-me perguntas sobre coisas que até eu já me tinha 'esquecido'. Acabou a nossa sessão com ela a dizer-me que eu tinha tido um mês muito complicado e que se calhar deveria aceitar os convites que me tinham feito. Ou seja, em bom português ela disse: mas se podes dar uma keka com quem quiseres porque é que não o fazes?
Talvez a Maria tenha razão, porque não?
A Maria foi-me 'indicada' pela minha médica. Ou, por outras palavras, ela depois de ver que eu fazia merda a seguir a merda, passou-se para o outro lado, decidiu que a brincadeira tinha acabado e que eu tinha de fazer alguma coisa por mim. No meio de alguns insultos passou-me o telefone dela com a indicação: é uma pessoa muito afectuosa.
Nesse dia saí de lá a sentir-me uma pessoa incapaz de resolver as coisas sozinha. Com muito custo lá liguei à Maria para marcar uma hora.
No primeiro dia foi bastante complicado. Não sabia o que dizer, ou melhor não queria falar com aquela pessoa que eu não conhecia de lado nenhum. No entanto, a primeira impressão foi positiva. Ela explicou-me exactamente o processo e eu expliquei-lhe o que pretendia daquela hora semanal.
A partir daí nunca mais me calei. Assim que me sento, começo a debitar as minhas incongruências.
Quando estou num dia não, a primeira coisa que faço é começar a pôr em questão o trabalho dela, o seu profissionalismo, a sua educação. Adoro porque ela nunca vacila, mantém-se firme e racionaliza as minhas questões argumentando com exemplos, citando este ou aquele psicólogo que eu acabei de denegrir e um século de conhecimento acumulado em relação à mente, sentimentos e afectos.
Apesar de não ser da escola freudiana, no dia em que pus em causa o 'pai' da psicologia, senti que por momentos teve quase a perder a calma. Acho que não gostou do facto de eu dizer que ele era um desiquilibrado sexual e reprimido nos afectos.
Estar com a Maria é bom. Naquela hora que estamos juntas eu posso falar de quem quiser (ela sabe o nome de todos, tem uma memória fantástica), de tudo e sem qualquer tipo de amarras ou preconceitos. A Maria é a minha mosqueteira. Tudo o que digo para ela tem um significado positivo. Mesmo as coisas más que sinto, a tristeza, a raiva, a insegurança, ela consegue sempre explicá-las de um modo muito pragmático, argumentativo, inteligente e faz-me realmente pensar sobre as coisas.
A Maria é uma defensora das mulheres, mesmo não a conhecendo a outro nível, sinto que ela é uma feminista. Mas não daquelas para as quais os homens não prestam. Ela preocupa-se genuinamente com a afirmação da mulher, sem para isso ter que odiar os homens.
As nossas sessões são muito simples: umas poltronas fantásticas, uma vista sobre a cidade deslumbrante e uma conversa inteligente. Se estivessemos a beber Cosmopolitans seria quase uma cena do 'Sexo e a Cidade'. A Maria é a Carrie, a Samantha, a Charlotte e a Miranda. Ou seja, eu ponho um assunto em debate e ela propõe-me logo ali três ou quatro teorias para explorarmos. Claro que com o passar do tempo, uma única teoria começa a desenvolver-se à minha volta. Estamos na fase em que ela quer que eu me liberte da culpa, acaba por ser interessante porque ela não é a única na minha vida que acha que eu carrego culpa desnecessária. Neste exercício é interessante como ela usa expressões como: que chato, mas isso é uma seca, pouca gente aguenta isso, não atendas, faz o que te apetece fazer. Eu acho que ela é um bocado louca. Os conselhos que ela me dá são acompanhados sempre com um: porque não? E acho que já apanhei esta expressão dela. A última sessão foi linda. Já não estávamos juntas há um mês por causa das férias. Decidi levar apontado tudo o que achava relevante que se tinha passado no último mês para lhe contar (uma cena típicamente virgem). E lá comecei a contar-lhe os pormenores e ela dando os seus bitates e fazendo-me perguntas sobre coisas que até eu já me tinha 'esquecido'. Acabou a nossa sessão com ela a dizer-me que eu tinha tido um mês muito complicado e que se calhar deveria aceitar os convites que me tinham feito. Ou seja, em bom português ela disse: mas se podes dar uma keka com quem quiseres porque é que não o fazes?
Talvez a Maria tenha razão, porque não?
terça-feira, 2 de setembro de 2008
Sobre estar sem chão
Estou sem chão mas sinto-me cada vez mais firme.
Estou sempre em guerra e tenho cada vez mais paz.
Existem momentos em que as nossas próprias forças nos surpreendem.
Estou sempre em guerra e tenho cada vez mais paz.
Existem momentos em que as nossas próprias forças nos surpreendem.
segunda-feira, 1 de setembro de 2008
Retrato
No teu rosto começa a madrugada.
Luz abrindo,
De rosa em rosa,
Transparente e molhada.
Melodia
Distante mas segura;
Irrompendo da terra,
Quente, redonda, madura.
Mar imenso,
Praia deserta, horizontal e calma.
Sabor agreste.
Rosto da minha alma.
Eugénio de Andrade
P.S. Depois de tudo o que se passou hoje. Por momentos vi Eugénio...
Luz abrindo,
De rosa em rosa,
Transparente e molhada.
Melodia
Distante mas segura;
Irrompendo da terra,
Quente, redonda, madura.
Mar imenso,
Praia deserta, horizontal e calma.
Sabor agreste.
Rosto da minha alma.
Eugénio de Andrade
P.S. Depois de tudo o que se passou hoje. Por momentos vi Eugénio...
Sobre os timings
A minha experiência diz-me que o povo tem razão. Um dos meus ditados preferidos é: Não há fome que não dê em fartura...
O universo é como a internet. A sério que é. Quando estás offline e precisas de alguém que te estenda a mão ninguém te procura, quando estás online toda a gente quer falar contigo.
O mais engraçado é que não tens que fazer absolutamente nada. Acontece realmente.
Pela minha experiência, o que posso dizer é: quando começas a estar disponível para uma relação, tens logo uma data de pessoas que querem ter 'relações' contigo.
Quando era mais nova a minha teoria assentava nas feromonas. Achava que era uma coisa química. O teu cérebro dizia às tuas hormonas: Ok pessoal toca aí a emanar uns odores que esta gaja está disponível. Mas, isso era no tempo em que não existiam os telemóveis, a internet, o messenger...
Agora, acho que só pode ser mesmo uma questão de energia. E, deve ser bem poderosa, porque neste fim-de-semana já recebi 1 email e 2 sms (a horas impróprias).
Logo agora que tinha decidido que quero é o amor. Tudo bem que já tinha decidido isto antes, mas depois chega a uma altura que precisamos de um abraço e que alguém fique para passar a noite. Isto não é possível com todos.
Ou melhor, é quase impossível de acontecer, ou se sente afecto pela pessoa ou simplesmente isso não existe. Não vou voltar à fase em que a minha frase mais proferida era: Tens dinheiro para o táxi?
No entanto, se o amor anda 'distraído' e não quer olhar para nós, o que fazer?
Should I stay our should I go?
O universo é como a internet. A sério que é. Quando estás offline e precisas de alguém que te estenda a mão ninguém te procura, quando estás online toda a gente quer falar contigo.
O mais engraçado é que não tens que fazer absolutamente nada. Acontece realmente.
Pela minha experiência, o que posso dizer é: quando começas a estar disponível para uma relação, tens logo uma data de pessoas que querem ter 'relações' contigo.
Quando era mais nova a minha teoria assentava nas feromonas. Achava que era uma coisa química. O teu cérebro dizia às tuas hormonas: Ok pessoal toca aí a emanar uns odores que esta gaja está disponível. Mas, isso era no tempo em que não existiam os telemóveis, a internet, o messenger...
Agora, acho que só pode ser mesmo uma questão de energia. E, deve ser bem poderosa, porque neste fim-de-semana já recebi 1 email e 2 sms (a horas impróprias).
Logo agora que tinha decidido que quero é o amor. Tudo bem que já tinha decidido isto antes, mas depois chega a uma altura que precisamos de um abraço e que alguém fique para passar a noite. Isto não é possível com todos.
Ou melhor, é quase impossível de acontecer, ou se sente afecto pela pessoa ou simplesmente isso não existe. Não vou voltar à fase em que a minha frase mais proferida era: Tens dinheiro para o táxi?
No entanto, se o amor anda 'distraído' e não quer olhar para nós, o que fazer?
Should I stay our should I go?
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