Necessidade do Lat. necessitate
s. f.,
aquilo que é absolutamente necessário;
carácter daquilo que é imprescindível;
o que é inelutável, inevitável, fatal;
coacção;
constrangimento;
aperto, apuro, carência de coisas necessárias;
precisão;
indigência;
pobreza;
miséria;
pop.,
(no pl. ) acto de urinar ou defecar.
Não vou falar do acto de urinar ou defecar embora, como qualquer um, tenha essas necessidades todos os dias.
Vou falar da definição que melhor se adequa a mim: carência de coisas necessárias.
Sou uma 'dadora'. Não dou sangue mas dou o melhor de mim. Dou o meu apoio, a minha atenção e o meu cuidado com o outro. Sempre fui assim. Gosto de ser assim. Dá-me verdadeiro prazer dar. No entanto, tenho as minhas carências, as minhas coisas necessárias.
As pessoas estão habituadas a olhar para os 'dadores' como um porto seguro. Como aqueles que, depois e apesar de tudo, estão lá. E, na verdade, estamos. Se alguém precisar é só estender a mão. Se alguém nos magoou, nos traiu, nos usou, rapidamente esquecemos tudo ao mínimo pedido de ajuda.
Mas, em certos momentos, também precisamos que nos dêem algo em troca. Que nos estendam a mão, que cuidem de nós.
Precisamos de alguém que nos diga:
Estou aqui. Sinto a tua falta. És importante para mim. Gosto de ti.
Talvez para mim seja mais fácil expressar o que sinto. Talvez até seja uma necessidade minha. Eu até entendo as pessoas de poucas palavras. Mas, quando existe intimidade entre elas, quando existe cumplicidade, quando existe carinho: as palavras são necessárias.
Existem alturas na vida em que não podemos ter mais nada. Não podemos ter um abraço, um beijo, um olhar. Nessas alturas as palavras são necessárias. Uma palavra pode iluminar uma vida.
Neste momento, tenho carência de coisas necessárias. Neste momento, a minha necessidade é sentir que estão do meu lado. Neste momento, preciso de palavras porque só posso ter palavras.
Pensei que quem recebe as minhas lhes desse valor. Eu sei que não são mais que caracteres juntos. Rabiscos de sons. São o que posso dar.
Ás vezes gostava também de receber, apenas para colmatar as minhas necessidades.
terça-feira, 30 de dezembro de 2008
sábado, 27 de dezembro de 2008
Sobre o novo ano...
Os meus anos são de Setembro a Setembro, restícios do tempo de escola. Vivo ainda pelo ano escolar e tenho a sorte de trabalhar numa área que funciona do mesmo modo.
Estamos a poucos dias de 2009 e este ano estou ansiosa que chegue.
2009 traz uma esperança renovada e promessas de felicidade.
2009 traz consigo a vontade de esquecer 2008. De guardar 2008 como um ano de mudanças difíceis e de um péssimo vinho. Sinto, neste momento, que no próximo ano tudo pode acontecer. Resta-me esperar que venha e estar disponível para tudo.
Aguardo ansiosamente...
Estamos a poucos dias de 2009 e este ano estou ansiosa que chegue.
2009 traz uma esperança renovada e promessas de felicidade.
2009 traz consigo a vontade de esquecer 2008. De guardar 2008 como um ano de mudanças difíceis e de um péssimo vinho. Sinto, neste momento, que no próximo ano tudo pode acontecer. Resta-me esperar que venha e estar disponível para tudo.
Aguardo ansiosamente...
terça-feira, 23 de dezembro de 2008
E já é Natal...
Aqui fica uma das minhas músicas de Natal preferidas... Apesar do videoclip foleiro, a letra é bem bonita.
domingo, 21 de dezembro de 2008
segunda-feira, 15 de dezembro de 2008
Sobre as mudanças...
A vida é feita de mudanças. Para uns essas são mais drásticas, para outros são subtis e acontecem com tempo.
Qualquer que seja a mudança, ela trás a alegria da descoberta e um amargo de boca proporcionado pela alteração. Eu sou a favor das mudanças. Acredito nas coisas boas que as mudanças trazem. E muitas vezes estamos tão toldados com a alteração em si que nem nos apercebemos do bom que é.
Ao chegar ao fim de 2008 com tantas mudanças na minha vida, chegou a altura de olhar para 2009 como uma oportunidade. Oportunidade de conhecimento, de crescimento, de experimentação.
Claro que quando se chega uma encruzilhada é dificil a escolha. Porque estrada seguir?
Talvez ande à procura do pote de ouro no fim do arco-íris. E qualquer que seja o caminho que escolha, ele terá um arco-íris.
Não me sinto derrotada. Sinto que preciso de tempo. Uma coisa que nunca precisei até agora. Nunca parei. Sempre tive muitas certezas do que queria. Agora não tenho nenhumas. Para a maior parte das pessoas isto é estranho. Todos já passaram por momentos de indecisão. Eu não. É a primeira vez. Talvez por estar a passar por isso só agora seja mais dificil lidar com a situação. E o que poderia ser uma fase normal para mim é avassaladora. Estou a pouco e pouco a aprender a lidar com isso. Por isso, apenas peço tempo. Tempo para a mudança.
Qualquer que seja a mudança, ela trás a alegria da descoberta e um amargo de boca proporcionado pela alteração. Eu sou a favor das mudanças. Acredito nas coisas boas que as mudanças trazem. E muitas vezes estamos tão toldados com a alteração em si que nem nos apercebemos do bom que é.
Ao chegar ao fim de 2008 com tantas mudanças na minha vida, chegou a altura de olhar para 2009 como uma oportunidade. Oportunidade de conhecimento, de crescimento, de experimentação.
Claro que quando se chega uma encruzilhada é dificil a escolha. Porque estrada seguir?
Talvez ande à procura do pote de ouro no fim do arco-íris. E qualquer que seja o caminho que escolha, ele terá um arco-íris.
Não me sinto derrotada. Sinto que preciso de tempo. Uma coisa que nunca precisei até agora. Nunca parei. Sempre tive muitas certezas do que queria. Agora não tenho nenhumas. Para a maior parte das pessoas isto é estranho. Todos já passaram por momentos de indecisão. Eu não. É a primeira vez. Talvez por estar a passar por isso só agora seja mais dificil lidar com a situação. E o que poderia ser uma fase normal para mim é avassaladora. Estou a pouco e pouco a aprender a lidar com isso. Por isso, apenas peço tempo. Tempo para a mudança.
sábado, 13 de dezembro de 2008
Quem de nós dois - Ana Carolina
Não é assim tão complicado
Não é difícil perceber...
Quem de nós dois
Vai dizer que é impossível
O amor acontecer...
Se eu disser
Que já nem sinto nada
Que a estrada sem você
É mais segura
Eu sei você vai rir
Da minha cara
Eu já conheço o teu sorriso
Leio o teu olhar
Teu sorriso é só disfarce
E eu já nem preciso...
Sinto dizer que amo mesmo
Tá ruim prá disfarçar
Entre nós dois
Não cabe mais nenhum segredo
Além do que já combinamos
No vão das coisas que a gente disse
Não cabe mais sermos somente amigos
E quando eu falo que eu já nem quero
A frase fica pelo avesso
Meio na contra-mão
E quando finjo que esqueço
Eu não esqueci nada....
E cada vez que eu fujo, eu me aproximo mais
E te perder de vista assim é ruim demais
E é por isso que atravesso o teu futuro
E faço das lembranças um lugar seguro...
Não é que eu queira reviver nenhum passado
Nem revirar um sentimento revirado
Mas toda vez que eu procuro uma saída
Acabo entrando sem querer na tua vida
Eu procurei qualquer desculpa pra não te encarar
Pra não dizer de novo e sempre a mesma coisa
Falar só por falar
Que eu já não tô nem aí pra essa conversa
Que a história de nós dois não me interessa...
Se eu tento esconder meias verdades
Você conhece o meu sorriso
Lê o meu olhar
Meu sorriso é só disfarce
O que eu já nem preciso...
E cada vez que eu fujo
Eu me aproximo mais
E te perder de vista assim
É ruim demais
Por isso que atravesso
O teu futuro
E faço das lembranças
Um lugar seguro...
Não é que eu queira reviver nenhum passado
Nem revirar um sentimento revirado
Mas toda vez que eu procuro uma saída,
Acabo entrando sem querer na tua vida
Não é difícil perceber...
Quem de nós dois
Vai dizer que é impossível
O amor acontecer...
Se eu disser
Que já nem sinto nada
Que a estrada sem você
É mais segura
Eu sei você vai rir
Da minha cara
Eu já conheço o teu sorriso
Leio o teu olhar
Teu sorriso é só disfarce
E eu já nem preciso...
Sinto dizer que amo mesmo
Tá ruim prá disfarçar
Entre nós dois
Não cabe mais nenhum segredo
Além do que já combinamos
No vão das coisas que a gente disse
Não cabe mais sermos somente amigos
E quando eu falo que eu já nem quero
A frase fica pelo avesso
Meio na contra-mão
E quando finjo que esqueço
Eu não esqueci nada....
E cada vez que eu fujo, eu me aproximo mais
E te perder de vista assim é ruim demais
E é por isso que atravesso o teu futuro
E faço das lembranças um lugar seguro...
Não é que eu queira reviver nenhum passado
Nem revirar um sentimento revirado
Mas toda vez que eu procuro uma saída
Acabo entrando sem querer na tua vida
Eu procurei qualquer desculpa pra não te encarar
Pra não dizer de novo e sempre a mesma coisa
Falar só por falar
Que eu já não tô nem aí pra essa conversa
Que a história de nós dois não me interessa...
Se eu tento esconder meias verdades
Você conhece o meu sorriso
Lê o meu olhar
Meu sorriso é só disfarce
O que eu já nem preciso...
E cada vez que eu fujo
Eu me aproximo mais
E te perder de vista assim
É ruim demais
Por isso que atravesso
O teu futuro
E faço das lembranças
Um lugar seguro...
Não é que eu queira reviver nenhum passado
Nem revirar um sentimento revirado
Mas toda vez que eu procuro uma saída,
Acabo entrando sem querer na tua vida
quarta-feira, 10 de dezembro de 2008
Estou de volta
Estou de volta a este cantinho.
Depois de 5 anos vou abandonar o projecto Toranja. Chegou a altura de recomeçar.
Foram 5 anos intensos, com muitas desilusões e alegrias. Anos de aprendizagem. Anos que acrescentaram e lapidaram aquilo que sou hoje.
Saio com a tristeza de quem abandona um sonho.
As circunstâncias que levaram a esta saída são complexas. Chegou a altura de respirar.
Quero olhar para trás e sentir orgulho no que construí. Mas, fizeram-me sentir que já não era meu aquele projecto, que tudo o que sacrifiquei nestes anos foi em vão. Já não tenho na Toranja o meu espaço, o respeito pelo meu trabalho, a valorização que procuro como profissional.
A minha saída é repentina. Mesmo para mim.
Não sei o que vou fazer a seguir. Sinto-me perdida. Sempre tive objectivos. Metas a alcançar. Agora não os tenho.
Só sei que vou recomeçar...
e vou fazê-lo aqui também
Depois de 5 anos vou abandonar o projecto Toranja. Chegou a altura de recomeçar.
Foram 5 anos intensos, com muitas desilusões e alegrias. Anos de aprendizagem. Anos que acrescentaram e lapidaram aquilo que sou hoje.
Saio com a tristeza de quem abandona um sonho.
As circunstâncias que levaram a esta saída são complexas. Chegou a altura de respirar.
Quero olhar para trás e sentir orgulho no que construí. Mas, fizeram-me sentir que já não era meu aquele projecto, que tudo o que sacrifiquei nestes anos foi em vão. Já não tenho na Toranja o meu espaço, o respeito pelo meu trabalho, a valorização que procuro como profissional.
A minha saída é repentina. Mesmo para mim.
Não sei o que vou fazer a seguir. Sinto-me perdida. Sempre tive objectivos. Metas a alcançar. Agora não os tenho.
Só sei que vou recomeçar...
e vou fazê-lo aqui também
sexta-feira, 26 de setembro de 2008
Sobre a tristeza
Um dia, em conversa com um amigo que é cientista, ele dizia-me que o grau de inteligência se poderia medir pela complexidade de emoções. Ou seja, quanto menos emoções o nosso cérebro conseguisse reproduzir mais felizes seríamos e menos inteligentes também.
Interessante esta teoria.
Muitas vezes penso que as pessoas que se dedicam menos tempo a pensar e a dissertar sobre as situações são sem dúvida as que passam pela vida mais leves.
É incrível a quantidade de sentimentos que o nosso cérebro consegue produzir em determinadas situações.
O meu processo emocional nas situações mais difíceis tem sempre o mesmo final - a tristeza. Acho que o corpo e a alma ficam tão desgastados na procura de justificações e alternativas que acaba por ceder. Tenho uma grande incapacidade, não consigo odiar, não consigo sentir raiva por uma pessoa durante muito tempo. Todos os sentimentos provocados por uma situação acabam por se resumir a este estado letárgico.
Hoje não consigo deixar de sentir uma tristeza profunda. Daquelas que criam um vazio na alma e nos consomem todo o ser. Era tão melhor que as pessoas pudessem olhar para dentro umas das outras e vissem realmente o que se passa. Era tão mais simples se as pessoas fossem simples. Mas não somos e muitas vezes reagimos da pior maneira possível.
Hoje sou uma pessoa diferente, hoje sei que tenho o direito de me sentir magoada com alguém. Cheguei a uma fase da minha vida em que decidi me pôr em primeiro lugar. As pessoas não têm o direito de fazerem aquilo que querem e esperar sempre compreensão de mim. Também tenho o direito de sofrer. Não posso e não quero perdoar tudo o que me fazem.
Proteger-me não me deixa mais feliz. Não me entregar não me deixa mais feliz.
Estou simplesmente triste.
Interessante esta teoria.
Muitas vezes penso que as pessoas que se dedicam menos tempo a pensar e a dissertar sobre as situações são sem dúvida as que passam pela vida mais leves.
É incrível a quantidade de sentimentos que o nosso cérebro consegue produzir em determinadas situações.
O meu processo emocional nas situações mais difíceis tem sempre o mesmo final - a tristeza. Acho que o corpo e a alma ficam tão desgastados na procura de justificações e alternativas que acaba por ceder. Tenho uma grande incapacidade, não consigo odiar, não consigo sentir raiva por uma pessoa durante muito tempo. Todos os sentimentos provocados por uma situação acabam por se resumir a este estado letárgico.
Hoje não consigo deixar de sentir uma tristeza profunda. Daquelas que criam um vazio na alma e nos consomem todo o ser. Era tão melhor que as pessoas pudessem olhar para dentro umas das outras e vissem realmente o que se passa. Era tão mais simples se as pessoas fossem simples. Mas não somos e muitas vezes reagimos da pior maneira possível.
Hoje sou uma pessoa diferente, hoje sei que tenho o direito de me sentir magoada com alguém. Cheguei a uma fase da minha vida em que decidi me pôr em primeiro lugar. As pessoas não têm o direito de fazerem aquilo que querem e esperar sempre compreensão de mim. Também tenho o direito de sofrer. Não posso e não quero perdoar tudo o que me fazem.
Proteger-me não me deixa mais feliz. Não me entregar não me deixa mais feliz.
Estou simplesmente triste.
terça-feira, 23 de setembro de 2008
Apontamento
Tenho a leve sensação que está toda a gente louca.
P.S. O próximo post será sem dúvida sobre a loucura, estou é ainda a digerir a informação.
P.S. O próximo post será sem dúvida sobre a loucura, estou é ainda a digerir a informação.
segunda-feira, 15 de setembro de 2008
Sobre a Madonna
Sim, vou falar da Madonna. Ou melhor, vou falar das mulheres no séc. XXI. Quer se goste ou não da Madonna, ela é um símbolo da luta feminina. Ela trouxe para a praça pública uma série de questões importantes em relação ao papel da mulher na sociedade.
Estas são as questões que acho mais relevantes:
1. Como se gere uma carreira nos dias de hoje.
Não existe nenhuma fórmula especial para se gerir uma carreira. Apenas é preciso inteligência.
Em primeiro lugar, é necessário acreditar. Sem isto nada é possível. Temos, obrigatoriamente de acreditar nas nossas capacidades. Temos que ser humildes ao ponto de identificarmos as nossas fraquezas e, em seguida rodear-nos das pessoas que fazem melhor que nós, ou seja, delegar funções. Temos que fasear bem a nossa progressão. É imprescindível estabelecer objectivos realistas e caminhar sempre focada no objectivo geral.
2. A mulher e o desejo
Chegando aos 4 cantos do mundo, Madonna mostrou que a mulher, mais do que um elemento erótico para o homem, tem desejo, fantasia e poder sexual. Falou de masturbação, ménage, lesbianismo, orgia, sado-masoquismo, iniciativa sexual, ou seja, conseguiu pôr todo o mundo a falar de sexo. Neste aspecto, fez mais pela libertação sexual da mulher, do que muitas feministas.
Madonna começou a falar disto nos saudosos anos 80. Hoje passaram mais de 20 anos e, infelizmente, o papel da mulher no sexo continua, na nossa sociedade, a ser tratado como tabu. A sociedade, a educação e tudo o que nos rodeia, continua a propagar uma mentalidade pequena, mesquinha e preconceituosa na cabeça das mulheres e pior de tudo na cabeça dos homens.
Curto e grosso: os homens gostam de foder mas não gostam de ser fodidos!
Admiram as mulheres independentes, com poder, que ganham mais do que eles, sensuais e sexuais, que são as que tomam a iniciativa numa relação mas, apenas admiram. Quando lhes aparece uma à frente não têm capacidade de lidar com elas. E podem dizer que sou preconceituosa, que não posso julgar todas as pessoas pela mesma bitola, mas a verdade é que mais do que falar eu já vivi estas situações. Os homens são muito inseguros e assustam-se facilmente. Pensam que de algum modo não estão à altura. Claro que isto é mentira. Não existe quem está mais acima ou abaixo. Todos somos diferentes. Talvez quando compreenderem isso as coisas mudem.
Os homens divertem-me com os seus julgamentos sobre o sexo feminino. Acham que por uma mulher tomar a iniciativa já está perdidamente apaixonada. Assusta-os pensar que naquele momento, essa mulher o que teve foi tesão por ele e só isso. Acho que tudo mexe com o ego. O homem pode transformar a mulher em objecto sexual mas, quando o contrário se passa, já não é possível. E mesmo depois de perguntarem e nós esclarecermos eles continuam a pensar o mesmo.
Como dizia anteriormente, as pessoas não são tão inteligentes como pensamos...
3. Mãe, mulher, amante, profissional, etc, etc, etc...
O prisma fantástico que as mulheres têm e a capacidade de conseguirem fazer o seu melhor em todas as circunstâncias. Não tem que se optar, pode-se ter tudo, fazer tudo, basta querer e saber, claro. Não vou ser hipócrita ao dizer que está ao alcance de todos. Mas, está com certeza, ao alcance daqueles que não desistem.
Estas são as questões que acho mais relevantes:
1. Como se gere uma carreira nos dias de hoje.
Não existe nenhuma fórmula especial para se gerir uma carreira. Apenas é preciso inteligência.
Em primeiro lugar, é necessário acreditar. Sem isto nada é possível. Temos, obrigatoriamente de acreditar nas nossas capacidades. Temos que ser humildes ao ponto de identificarmos as nossas fraquezas e, em seguida rodear-nos das pessoas que fazem melhor que nós, ou seja, delegar funções. Temos que fasear bem a nossa progressão. É imprescindível estabelecer objectivos realistas e caminhar sempre focada no objectivo geral.
2. A mulher e o desejo
Chegando aos 4 cantos do mundo, Madonna mostrou que a mulher, mais do que um elemento erótico para o homem, tem desejo, fantasia e poder sexual. Falou de masturbação, ménage, lesbianismo, orgia, sado-masoquismo, iniciativa sexual, ou seja, conseguiu pôr todo o mundo a falar de sexo. Neste aspecto, fez mais pela libertação sexual da mulher, do que muitas feministas.
Madonna começou a falar disto nos saudosos anos 80. Hoje passaram mais de 20 anos e, infelizmente, o papel da mulher no sexo continua, na nossa sociedade, a ser tratado como tabu. A sociedade, a educação e tudo o que nos rodeia, continua a propagar uma mentalidade pequena, mesquinha e preconceituosa na cabeça das mulheres e pior de tudo na cabeça dos homens.
Curto e grosso: os homens gostam de foder mas não gostam de ser fodidos!
Admiram as mulheres independentes, com poder, que ganham mais do que eles, sensuais e sexuais, que são as que tomam a iniciativa numa relação mas, apenas admiram. Quando lhes aparece uma à frente não têm capacidade de lidar com elas. E podem dizer que sou preconceituosa, que não posso julgar todas as pessoas pela mesma bitola, mas a verdade é que mais do que falar eu já vivi estas situações. Os homens são muito inseguros e assustam-se facilmente. Pensam que de algum modo não estão à altura. Claro que isto é mentira. Não existe quem está mais acima ou abaixo. Todos somos diferentes. Talvez quando compreenderem isso as coisas mudem.
Os homens divertem-me com os seus julgamentos sobre o sexo feminino. Acham que por uma mulher tomar a iniciativa já está perdidamente apaixonada. Assusta-os pensar que naquele momento, essa mulher o que teve foi tesão por ele e só isso. Acho que tudo mexe com o ego. O homem pode transformar a mulher em objecto sexual mas, quando o contrário se passa, já não é possível. E mesmo depois de perguntarem e nós esclarecermos eles continuam a pensar o mesmo.
Como dizia anteriormente, as pessoas não são tão inteligentes como pensamos...
3. Mãe, mulher, amante, profissional, etc, etc, etc...
O prisma fantástico que as mulheres têm e a capacidade de conseguirem fazer o seu melhor em todas as circunstâncias. Não tem que se optar, pode-se ter tudo, fazer tudo, basta querer e saber, claro. Não vou ser hipócrita ao dizer que está ao alcance de todos. Mas, está com certeza, ao alcance daqueles que não desistem.
sexta-feira, 12 de setembro de 2008
...
A ignorância e a limitação de pensamento acarreta em si as maiores injustiças.
Todos os dias aprendemos qualquer coisa. As pessoas não são tão inteligentes como julgamos.
Todos os dias aprendemos qualquer coisa. As pessoas não são tão inteligentes como julgamos.
quarta-feira, 10 de setembro de 2008
Sobre a idade
Fazer anos é uma merda! Não me venham com essas tretas da celebração da vida. A verdade é que à medida que o tempo passa tens menos oportunidades de 'viver'. Quando fazes anos não te lembras do que já fizeste mas sim do que ainda tens para fazer. E, parece cada vez menos tempo.
Pode parecer um bocado exagerado porque hoje em dia 32 anos não é nada. Mas, não me importo de ser exagerada. Importo-me de estar a fazer a soma dos 30. Isso é que me lixa. Com os problemas de idade dos outros posso eu bem. Quando fiz 30 anos, fiz questão de ir para fora do país e não falar com ninguém. Passei os meus 30 anos em Marrocos a percorrer uma medina e super-deprimida. Não me sinto na fase dos 30. Sinto-me com 27 anos. Acho que 27 é a idade ideal, perfeita. Sentimos que conseguimos fazer tudo e já temos maturidade suficiente para o fazer.
Hoje, ao fazer 32 anos, sinto o que mais odeio sentir: solidão. E, por este motivo, é que não gosto de fazer anos. É que nos outros dias não me lembro tanto disto.
Pode parecer um bocado exagerado porque hoje em dia 32 anos não é nada. Mas, não me importo de ser exagerada. Importo-me de estar a fazer a soma dos 30. Isso é que me lixa. Com os problemas de idade dos outros posso eu bem. Quando fiz 30 anos, fiz questão de ir para fora do país e não falar com ninguém. Passei os meus 30 anos em Marrocos a percorrer uma medina e super-deprimida. Não me sinto na fase dos 30. Sinto-me com 27 anos. Acho que 27 é a idade ideal, perfeita. Sentimos que conseguimos fazer tudo e já temos maturidade suficiente para o fazer.
Hoje, ao fazer 32 anos, sinto o que mais odeio sentir: solidão. E, por este motivo, é que não gosto de fazer anos. É que nos outros dias não me lembro tanto disto.
segunda-feira, 8 de setembro de 2008
Let's not talk about love - Heather Nova
I don't know if I love you
Or if it's all in my head
I don't know if I love you
Though I know it's what I said
Or if it's all in my head
I don't know if I love you
Though I know it's what I said
Cuz love is something I don't understand
Can't explain, I can't hold in my hand
But I'll stay here tonight
And I'll keep the flame alight
But let's not talk about love
I don't know if I love you
Though I feel some pain
I don't know if I love you
Or if I'm playing the game
Cuz love is something I don't understand
Can't explain, I can't hold in my hand
But I'll stay here tonight
And I'll make you feel alright
But let's not talk about love
quinta-feira, 4 de setembro de 2008
Sobre começar do zero
Se existisse uma categoria para aqueles que estão sempre a reconstruir as suas vidas eu, sem dúvida nenhuma, faria parte dela. A categoria dos 'recomeçadores'.
Existem pessoas que desenham uma linha a direito na sua vida. Estudam, conhecem o 'amor da sua vida' no liceu, arranjam um emprego 'Nine to Five', casam, mudam de emprego, têm filhos, vão até ao Algarve nas férias com a família toda, têm casais amigos para os jantares de sábado à noite. Em suma, são felizes com o que têm. A minha vida não tem sido assim. Tem sido uma constante mutação. Ziguezagues sem linhas rectas. Há dias que gostava de ter a 'vidinha', a sério que gostava. Trabalhar como secretária ou caixa de um banco, sair às 17h, ir para casa, pôr roupa a lavar, fazer o jantar para os miúdos, levar a cadela à rua, ao fim-de-semana ir lavar o carro, almoçar no restaurante do costume, passar 15 minutos a decidir para onde vamos e acabar por dar a voltinha domingueira. Pondo as coisas deste modo, sei que não parece muito interessante.
Mas, a verdade é que a maior parte de nós vive assim e é feliz.
Os 'recomeçadores' movem-se pela mudança. Temos objectivos e fazemos tudo para os conseguir desde: mudar de casa, não se acomodarem às relações e recomeçar constantemente o emprego. Alguns estão sempre a experimentar áreas novas, novas profissões, novas pessoas. Eu estou neste momento a recomeçar o meu próprio emprego. Uma nova estratégia, novos companheiros de batalha, nova área a explorar. Isto provoca um misto de entusiasmo e medo.
Em alguns momentos penso de como será confortável, cómodo ter a 'vidinha'.
O que vale é que me passa rapidamente.
Uns fazem desportos radicais outros fazem uma vida radical. Eu sou dos segundos.
Vamos lá fazer tudo outra vez.... Mas melhor!
Existem pessoas que desenham uma linha a direito na sua vida. Estudam, conhecem o 'amor da sua vida' no liceu, arranjam um emprego 'Nine to Five', casam, mudam de emprego, têm filhos, vão até ao Algarve nas férias com a família toda, têm casais amigos para os jantares de sábado à noite. Em suma, são felizes com o que têm. A minha vida não tem sido assim. Tem sido uma constante mutação. Ziguezagues sem linhas rectas. Há dias que gostava de ter a 'vidinha', a sério que gostava. Trabalhar como secretária ou caixa de um banco, sair às 17h, ir para casa, pôr roupa a lavar, fazer o jantar para os miúdos, levar a cadela à rua, ao fim-de-semana ir lavar o carro, almoçar no restaurante do costume, passar 15 minutos a decidir para onde vamos e acabar por dar a voltinha domingueira. Pondo as coisas deste modo, sei que não parece muito interessante.
Mas, a verdade é que a maior parte de nós vive assim e é feliz.
Os 'recomeçadores' movem-se pela mudança. Temos objectivos e fazemos tudo para os conseguir desde: mudar de casa, não se acomodarem às relações e recomeçar constantemente o emprego. Alguns estão sempre a experimentar áreas novas, novas profissões, novas pessoas. Eu estou neste momento a recomeçar o meu próprio emprego. Uma nova estratégia, novos companheiros de batalha, nova área a explorar. Isto provoca um misto de entusiasmo e medo.
Em alguns momentos penso de como será confortável, cómodo ter a 'vidinha'.
O que vale é que me passa rapidamente.
Uns fazem desportos radicais outros fazem uma vida radical. Eu sou dos segundos.
Vamos lá fazer tudo outra vez.... Mas melhor!
quarta-feira, 3 de setembro de 2008
Sobre a Maria
A Maria é a minha psicoterapeuta. Depois de repensar e repensar o que poderia fazer para tentar resolver uma série de questões pessoais, decidi optar por fazer psicoterapia.
A Maria foi-me 'indicada' pela minha médica. Ou, por outras palavras, ela depois de ver que eu fazia merda a seguir a merda, passou-se para o outro lado, decidiu que a brincadeira tinha acabado e que eu tinha de fazer alguma coisa por mim. No meio de alguns insultos passou-me o telefone dela com a indicação: é uma pessoa muito afectuosa.
Nesse dia saí de lá a sentir-me uma pessoa incapaz de resolver as coisas sozinha. Com muito custo lá liguei à Maria para marcar uma hora.
No primeiro dia foi bastante complicado. Não sabia o que dizer, ou melhor não queria falar com aquela pessoa que eu não conhecia de lado nenhum. No entanto, a primeira impressão foi positiva. Ela explicou-me exactamente o processo e eu expliquei-lhe o que pretendia daquela hora semanal.
A partir daí nunca mais me calei. Assim que me sento, começo a debitar as minhas incongruências.
Quando estou num dia não, a primeira coisa que faço é começar a pôr em questão o trabalho dela, o seu profissionalismo, a sua educação. Adoro porque ela nunca vacila, mantém-se firme e racionaliza as minhas questões argumentando com exemplos, citando este ou aquele psicólogo que eu acabei de denegrir e um século de conhecimento acumulado em relação à mente, sentimentos e afectos.
Apesar de não ser da escola freudiana, no dia em que pus em causa o 'pai' da psicologia, senti que por momentos teve quase a perder a calma. Acho que não gostou do facto de eu dizer que ele era um desiquilibrado sexual e reprimido nos afectos.
Estar com a Maria é bom. Naquela hora que estamos juntas eu posso falar de quem quiser (ela sabe o nome de todos, tem uma memória fantástica), de tudo e sem qualquer tipo de amarras ou preconceitos. A Maria é a minha mosqueteira. Tudo o que digo para ela tem um significado positivo. Mesmo as coisas más que sinto, a tristeza, a raiva, a insegurança, ela consegue sempre explicá-las de um modo muito pragmático, argumentativo, inteligente e faz-me realmente pensar sobre as coisas.
A Maria é uma defensora das mulheres, mesmo não a conhecendo a outro nível, sinto que ela é uma feminista. Mas não daquelas para as quais os homens não prestam. Ela preocupa-se genuinamente com a afirmação da mulher, sem para isso ter que odiar os homens.
As nossas sessões são muito simples: umas poltronas fantásticas, uma vista sobre a cidade deslumbrante e uma conversa inteligente. Se estivessemos a beber Cosmopolitans seria quase uma cena do 'Sexo e a Cidade'. A Maria é a Carrie, a Samantha, a Charlotte e a Miranda. Ou seja, eu ponho um assunto em debate e ela propõe-me logo ali três ou quatro teorias para explorarmos. Claro que com o passar do tempo, uma única teoria começa a desenvolver-se à minha volta. Estamos na fase em que ela quer que eu me liberte da culpa, acaba por ser interessante porque ela não é a única na minha vida que acha que eu carrego culpa desnecessária. Neste exercício é interessante como ela usa expressões como: que chato, mas isso é uma seca, pouca gente aguenta isso, não atendas, faz o que te apetece fazer. Eu acho que ela é um bocado louca. Os conselhos que ela me dá são acompanhados sempre com um: porque não? E acho que já apanhei esta expressão dela. A última sessão foi linda. Já não estávamos juntas há um mês por causa das férias. Decidi levar apontado tudo o que achava relevante que se tinha passado no último mês para lhe contar (uma cena típicamente virgem). E lá comecei a contar-lhe os pormenores e ela dando os seus bitates e fazendo-me perguntas sobre coisas que até eu já me tinha 'esquecido'. Acabou a nossa sessão com ela a dizer-me que eu tinha tido um mês muito complicado e que se calhar deveria aceitar os convites que me tinham feito. Ou seja, em bom português ela disse: mas se podes dar uma keka com quem quiseres porque é que não o fazes?
Talvez a Maria tenha razão, porque não?
A Maria foi-me 'indicada' pela minha médica. Ou, por outras palavras, ela depois de ver que eu fazia merda a seguir a merda, passou-se para o outro lado, decidiu que a brincadeira tinha acabado e que eu tinha de fazer alguma coisa por mim. No meio de alguns insultos passou-me o telefone dela com a indicação: é uma pessoa muito afectuosa.
Nesse dia saí de lá a sentir-me uma pessoa incapaz de resolver as coisas sozinha. Com muito custo lá liguei à Maria para marcar uma hora.
No primeiro dia foi bastante complicado. Não sabia o que dizer, ou melhor não queria falar com aquela pessoa que eu não conhecia de lado nenhum. No entanto, a primeira impressão foi positiva. Ela explicou-me exactamente o processo e eu expliquei-lhe o que pretendia daquela hora semanal.
A partir daí nunca mais me calei. Assim que me sento, começo a debitar as minhas incongruências.
Quando estou num dia não, a primeira coisa que faço é começar a pôr em questão o trabalho dela, o seu profissionalismo, a sua educação. Adoro porque ela nunca vacila, mantém-se firme e racionaliza as minhas questões argumentando com exemplos, citando este ou aquele psicólogo que eu acabei de denegrir e um século de conhecimento acumulado em relação à mente, sentimentos e afectos.
Apesar de não ser da escola freudiana, no dia em que pus em causa o 'pai' da psicologia, senti que por momentos teve quase a perder a calma. Acho que não gostou do facto de eu dizer que ele era um desiquilibrado sexual e reprimido nos afectos.
Estar com a Maria é bom. Naquela hora que estamos juntas eu posso falar de quem quiser (ela sabe o nome de todos, tem uma memória fantástica), de tudo e sem qualquer tipo de amarras ou preconceitos. A Maria é a minha mosqueteira. Tudo o que digo para ela tem um significado positivo. Mesmo as coisas más que sinto, a tristeza, a raiva, a insegurança, ela consegue sempre explicá-las de um modo muito pragmático, argumentativo, inteligente e faz-me realmente pensar sobre as coisas.
A Maria é uma defensora das mulheres, mesmo não a conhecendo a outro nível, sinto que ela é uma feminista. Mas não daquelas para as quais os homens não prestam. Ela preocupa-se genuinamente com a afirmação da mulher, sem para isso ter que odiar os homens.
As nossas sessões são muito simples: umas poltronas fantásticas, uma vista sobre a cidade deslumbrante e uma conversa inteligente. Se estivessemos a beber Cosmopolitans seria quase uma cena do 'Sexo e a Cidade'. A Maria é a Carrie, a Samantha, a Charlotte e a Miranda. Ou seja, eu ponho um assunto em debate e ela propõe-me logo ali três ou quatro teorias para explorarmos. Claro que com o passar do tempo, uma única teoria começa a desenvolver-se à minha volta. Estamos na fase em que ela quer que eu me liberte da culpa, acaba por ser interessante porque ela não é a única na minha vida que acha que eu carrego culpa desnecessária. Neste exercício é interessante como ela usa expressões como: que chato, mas isso é uma seca, pouca gente aguenta isso, não atendas, faz o que te apetece fazer. Eu acho que ela é um bocado louca. Os conselhos que ela me dá são acompanhados sempre com um: porque não? E acho que já apanhei esta expressão dela. A última sessão foi linda. Já não estávamos juntas há um mês por causa das férias. Decidi levar apontado tudo o que achava relevante que se tinha passado no último mês para lhe contar (uma cena típicamente virgem). E lá comecei a contar-lhe os pormenores e ela dando os seus bitates e fazendo-me perguntas sobre coisas que até eu já me tinha 'esquecido'. Acabou a nossa sessão com ela a dizer-me que eu tinha tido um mês muito complicado e que se calhar deveria aceitar os convites que me tinham feito. Ou seja, em bom português ela disse: mas se podes dar uma keka com quem quiseres porque é que não o fazes?
Talvez a Maria tenha razão, porque não?
terça-feira, 2 de setembro de 2008
Sobre estar sem chão
Estou sem chão mas sinto-me cada vez mais firme.
Estou sempre em guerra e tenho cada vez mais paz.
Existem momentos em que as nossas próprias forças nos surpreendem.
Estou sempre em guerra e tenho cada vez mais paz.
Existem momentos em que as nossas próprias forças nos surpreendem.
segunda-feira, 1 de setembro de 2008
Retrato
No teu rosto começa a madrugada.
Luz abrindo,
De rosa em rosa,
Transparente e molhada.
Melodia
Distante mas segura;
Irrompendo da terra,
Quente, redonda, madura.
Mar imenso,
Praia deserta, horizontal e calma.
Sabor agreste.
Rosto da minha alma.
Eugénio de Andrade
P.S. Depois de tudo o que se passou hoje. Por momentos vi Eugénio...
Luz abrindo,
De rosa em rosa,
Transparente e molhada.
Melodia
Distante mas segura;
Irrompendo da terra,
Quente, redonda, madura.
Mar imenso,
Praia deserta, horizontal e calma.
Sabor agreste.
Rosto da minha alma.
Eugénio de Andrade
P.S. Depois de tudo o que se passou hoje. Por momentos vi Eugénio...
Sobre os timings
A minha experiência diz-me que o povo tem razão. Um dos meus ditados preferidos é: Não há fome que não dê em fartura...
O universo é como a internet. A sério que é. Quando estás offline e precisas de alguém que te estenda a mão ninguém te procura, quando estás online toda a gente quer falar contigo.
O mais engraçado é que não tens que fazer absolutamente nada. Acontece realmente.
Pela minha experiência, o que posso dizer é: quando começas a estar disponível para uma relação, tens logo uma data de pessoas que querem ter 'relações' contigo.
Quando era mais nova a minha teoria assentava nas feromonas. Achava que era uma coisa química. O teu cérebro dizia às tuas hormonas: Ok pessoal toca aí a emanar uns odores que esta gaja está disponível. Mas, isso era no tempo em que não existiam os telemóveis, a internet, o messenger...
Agora, acho que só pode ser mesmo uma questão de energia. E, deve ser bem poderosa, porque neste fim-de-semana já recebi 1 email e 2 sms (a horas impróprias).
Logo agora que tinha decidido que quero é o amor. Tudo bem que já tinha decidido isto antes, mas depois chega a uma altura que precisamos de um abraço e que alguém fique para passar a noite. Isto não é possível com todos.
Ou melhor, é quase impossível de acontecer, ou se sente afecto pela pessoa ou simplesmente isso não existe. Não vou voltar à fase em que a minha frase mais proferida era: Tens dinheiro para o táxi?
No entanto, se o amor anda 'distraído' e não quer olhar para nós, o que fazer?
Should I stay our should I go?
O universo é como a internet. A sério que é. Quando estás offline e precisas de alguém que te estenda a mão ninguém te procura, quando estás online toda a gente quer falar contigo.
O mais engraçado é que não tens que fazer absolutamente nada. Acontece realmente.
Pela minha experiência, o que posso dizer é: quando começas a estar disponível para uma relação, tens logo uma data de pessoas que querem ter 'relações' contigo.
Quando era mais nova a minha teoria assentava nas feromonas. Achava que era uma coisa química. O teu cérebro dizia às tuas hormonas: Ok pessoal toca aí a emanar uns odores que esta gaja está disponível. Mas, isso era no tempo em que não existiam os telemóveis, a internet, o messenger...
Agora, acho que só pode ser mesmo uma questão de energia. E, deve ser bem poderosa, porque neste fim-de-semana já recebi 1 email e 2 sms (a horas impróprias).
Logo agora que tinha decidido que quero é o amor. Tudo bem que já tinha decidido isto antes, mas depois chega a uma altura que precisamos de um abraço e que alguém fique para passar a noite. Isto não é possível com todos.
Ou melhor, é quase impossível de acontecer, ou se sente afecto pela pessoa ou simplesmente isso não existe. Não vou voltar à fase em que a minha frase mais proferida era: Tens dinheiro para o táxi?
No entanto, se o amor anda 'distraído' e não quer olhar para nós, o que fazer?
Should I stay our should I go?
sexta-feira, 29 de agosto de 2008
Sobre a comunicação oral, escrita e afins
Julgo que a vocalização e, mais tarde, a escrita foram desenvolvidas com o intuito de aproximar.
Em primeiro lugar, porque precisávamos de comunicar para nos protegermos em relação ao perigo, na busca de alimentos e em todos os princípios básicos de sobrevivência.
Na minha opinião foi uma ideia excelente.
Em algum ponto da evolução estragou-se tudo.
A comunicação oral foi a primeira a criar problemas. No particular, pelo imenso gap que existe entre o pensamento e a palavra e, no geral com esta história de cada um desenvolver uma língua à sua maneira.
Depois alguém deve ter pensado: Epá, se calhar era uma boa ideia tentarmos pôr aí as coisas num bocado de pele de animal para não esquecermos estes pensamentos. Óptimo. Fantástico. Os egípcios fizerem isso como ninguém, verdadeiros especialistas em pôr sentimentos em imagens.
Os árabes pensaram: E se agora associássemos símbolos em vez de ser a pensamentos a sons? Não era porreiro?
E metade do mundo foi atrás desta fantástica ideia.
Ora aqui está uma linguagem que representa o que queres dizer, mas na verdade não representa absolutamente nada porque é apenas uma conjugação de sons que se apelidou de língua.
Ok, tudo bem. Eu aceito que se calhar até é mais simples. Mas se eu agora escrever: Medo. Cada um vai associar ao seu próprio sentimento de medo. Mas se eu desenhasse uma gaja a gritar mais uma cobra, todos, mas todos, iriam interpretar da mesma maneira. Não existiria margem para dúvidas. Era aquilo e acabou. Não existiriam perguntas como: Mas ela veio de onde? E como é que entrou aqui? Mas é venenosa ou não? Caraças pá! Uma gaja com medo de cobras é simplesmente: uma gaja com medo de cobras.
Na comunicação oral, até se torna mais assustadora a falha de comunicação.
Eu digo uma coisa, mas há sempre inúmeras interpretações sobre o que digo.
Se eu disser: A gaja tem medo de cobras. A primeira reacção é: Porque é que ela me disse aquilo a mim? O que é que ela queria dizer com isso? Quem é a gaja? Será que era uma metáfora para mim? Eu sou a gaja ou a cobra?
E isto pode continuar, e continuar, e continuar, e continuar...
Adoro conversar. Sou uma chata do caraças. Se calhar tenho alguma dificuldade em me expressar: às vezes não uso o tom de voz correcto, às vezes a minha posição corporal não acompanha o que digo e claro que às vezes digo coisas que não devia ou não queria dizer.
Mas, sinceramente, canso-me das mil interpretações que existem à volta de uma palavra.
Tudo bem, eu admito que faço a mesma coisa.
Hoje estou num dia egípcia.
Em primeiro lugar, porque precisávamos de comunicar para nos protegermos em relação ao perigo, na busca de alimentos e em todos os princípios básicos de sobrevivência.
Na minha opinião foi uma ideia excelente.
Em algum ponto da evolução estragou-se tudo.
A comunicação oral foi a primeira a criar problemas. No particular, pelo imenso gap que existe entre o pensamento e a palavra e, no geral com esta história de cada um desenvolver uma língua à sua maneira.
Depois alguém deve ter pensado: Epá, se calhar era uma boa ideia tentarmos pôr aí as coisas num bocado de pele de animal para não esquecermos estes pensamentos. Óptimo. Fantástico. Os egípcios fizerem isso como ninguém, verdadeiros especialistas em pôr sentimentos em imagens.
Os árabes pensaram: E se agora associássemos símbolos em vez de ser a pensamentos a sons? Não era porreiro?
E metade do mundo foi atrás desta fantástica ideia.
Ora aqui está uma linguagem que representa o que queres dizer, mas na verdade não representa absolutamente nada porque é apenas uma conjugação de sons que se apelidou de língua.
Ok, tudo bem. Eu aceito que se calhar até é mais simples. Mas se eu agora escrever: Medo. Cada um vai associar ao seu próprio sentimento de medo. Mas se eu desenhasse uma gaja a gritar mais uma cobra, todos, mas todos, iriam interpretar da mesma maneira. Não existiria margem para dúvidas. Era aquilo e acabou. Não existiriam perguntas como: Mas ela veio de onde? E como é que entrou aqui? Mas é venenosa ou não? Caraças pá! Uma gaja com medo de cobras é simplesmente: uma gaja com medo de cobras.
Na comunicação oral, até se torna mais assustadora a falha de comunicação.
Eu digo uma coisa, mas há sempre inúmeras interpretações sobre o que digo.
Se eu disser: A gaja tem medo de cobras. A primeira reacção é: Porque é que ela me disse aquilo a mim? O que é que ela queria dizer com isso? Quem é a gaja? Será que era uma metáfora para mim? Eu sou a gaja ou a cobra?
E isto pode continuar, e continuar, e continuar, e continuar...
Adoro conversar. Sou uma chata do caraças. Se calhar tenho alguma dificuldade em me expressar: às vezes não uso o tom de voz correcto, às vezes a minha posição corporal não acompanha o que digo e claro que às vezes digo coisas que não devia ou não queria dizer.
Mas, sinceramente, canso-me das mil interpretações que existem à volta de uma palavra.
Tudo bem, eu admito que faço a mesma coisa.
Hoje estou num dia egípcia.
quinta-feira, 28 de agosto de 2008
Sobre lutar (carta a um amigo)
A vida leva-nos a percorrer caminhos estranhos. É uma gigantesca montanha-russa com uma particularidade: está sempre gente a entrar e a sair da carruagem. Alguns aguentam mais voltas, outros saem e voltam a entrar.
Eu, particularmente, não gosto de montanha-russa: tenho medo das alturas.
Uma das principais vantagens desta viagem são os companheiros de emoções. Às vezes, é com pena que vemos alguns partir e o seu lugar fica muitas vezes vazio por muito tempo. Há aqueles que vão até à bilheteira, compram o bilhete, querem entrar e depois não o fazem. Para alguns desses, a carruagem abranda por breves instantes para seguir logo o seu caminho. E depois, há os outros. Aqueles que vemos na paragem com o bilhete na mão a fazer sinal para pararmos. E nós, sem saber bem porquê, puxamos o travão, paramos a carruagem e estendemos a mão. Ali ficamos, imobilizados, de mão dada. Eu parei a minha carruagem. Já tinha prometido, a mim mesma, que só o faria por alguém que não me rasgasse os assentos ou me partisse a carruagem. Com um pé dentro e outro fora posso puxar-te para dentro.
Mas, vale a pena lutar por quem acha que a carruagem pode descarrilhar?
Eu acredito nas lutas a dois. Eu luto por ti e tu lutas por mim. Não um contra o outro.
Entras ou não?
Eu, particularmente, não gosto de montanha-russa: tenho medo das alturas.
Uma das principais vantagens desta viagem são os companheiros de emoções. Às vezes, é com pena que vemos alguns partir e o seu lugar fica muitas vezes vazio por muito tempo. Há aqueles que vão até à bilheteira, compram o bilhete, querem entrar e depois não o fazem. Para alguns desses, a carruagem abranda por breves instantes para seguir logo o seu caminho. E depois, há os outros. Aqueles que vemos na paragem com o bilhete na mão a fazer sinal para pararmos. E nós, sem saber bem porquê, puxamos o travão, paramos a carruagem e estendemos a mão. Ali ficamos, imobilizados, de mão dada. Eu parei a minha carruagem. Já tinha prometido, a mim mesma, que só o faria por alguém que não me rasgasse os assentos ou me partisse a carruagem. Com um pé dentro e outro fora posso puxar-te para dentro.
Mas, vale a pena lutar por quem acha que a carruagem pode descarrilhar?
Eu acredito nas lutas a dois. Eu luto por ti e tu lutas por mim. Não um contra o outro.
Entras ou não?
The Origin of Love
When the earth was still flat,
And the clouds made of fire,
And mountains stretched up to the sky,
Sometimes higher,
Folks roamed the earth
Like big rolling kegs.
They had two sets of arms.
They had two sets of legs.
They had two faces peering
Out of one giant head
So they could watch all around them
As they talked; while they read.
And they never knew nothing of love.
It was before the origin of love.
The origin of love
And there were three sexes then,
One that looked like two men
Glued up back to back,
Called the children of the sun.
And similar in shape and girth
Were the children of the earth.
They looked like two girls
Rolled up in one.
And the children of the moon
Were like a fork shoved on a spoon.
They were part sun, part earth
Part daughter, part son.
The origin of love
Now the gods grew quite scared
Of our strength and defiance
And Thor said,
"I'm gonna kill them all
With my hammer,
Like I killed the giants."
And Zeus said, "No,
You better let me
Use my lightening, like scissors,
Like I cut the legs off the whales
And dinosaurs into lizards."
Then he grabbed up some bolts
And he let out a laugh,
Said, "I'll split them right down the middle.
Gonna cut them right up in half."
And then storm clouds gathered above
Into great balls of fire
And then fire shot down
From the sky in bolts
Like shining blades
Of a knife.
And it ripped
Right through the flesh
Of the children of the sun
And the moon
And the earth.
And some Indian god
Sewed the wound up into a hole,
Pulled it round to our belly
To remind us of the price we pay.
And Osiris and the gods of the Nile
Gathered up a big storm
To blow a hurricane,
To scatter us away,
In a flood of wind and rain,
And a sea of tidal waves,
To wash us all away,
And if we don't behave
They'll cut us down again
And we'll be hopping round on one foot
And looking through one eye.
Last time I saw you
We had just split in two.
You were looking at me.
I was looking at you.
You had a way so familiar,
But I could not recognize,
Cause you had blood on your face;
I had blood in my eyes.
But I could swear by your expression
That the pain down in your soul
Was the same as the one down in mine.
That's the pain,
Cuts a straight line
Down through the heart;
We called it love.
So we wrapped our arms around each other,
Trying to shove ourselves back together.
We were making love,
Making love.
It was a cold dark evening,
Such a long time ago,
When by the mighty hand of Jove,
It was the sad story
How we became
Lonely two-legged creatures,
It's the story of
The origin of love.
That's the origin of love.
And the clouds made of fire,
And mountains stretched up to the sky,
Sometimes higher,
Folks roamed the earth
Like big rolling kegs.
They had two sets of arms.
They had two sets of legs.
They had two faces peering
Out of one giant head
So they could watch all around them
As they talked; while they read.
And they never knew nothing of love.
It was before the origin of love.
The origin of love
And there were three sexes then,
One that looked like two men
Glued up back to back,
Called the children of the sun.
And similar in shape and girth
Were the children of the earth.
They looked like two girls
Rolled up in one.
And the children of the moon
Were like a fork shoved on a spoon.
They were part sun, part earth
Part daughter, part son.
The origin of love
Now the gods grew quite scared
Of our strength and defiance
And Thor said,
"I'm gonna kill them all
With my hammer,
Like I killed the giants."
And Zeus said, "No,
You better let me
Use my lightening, like scissors,
Like I cut the legs off the whales
And dinosaurs into lizards."
Then he grabbed up some bolts
And he let out a laugh,
Said, "I'll split them right down the middle.
Gonna cut them right up in half."
And then storm clouds gathered above
Into great balls of fire
And then fire shot down
From the sky in bolts
Like shining blades
Of a knife.
And it ripped
Right through the flesh
Of the children of the sun
And the moon
And the earth.
And some Indian god
Sewed the wound up into a hole,
Pulled it round to our belly
To remind us of the price we pay.
And Osiris and the gods of the Nile
Gathered up a big storm
To blow a hurricane,
To scatter us away,
In a flood of wind and rain,
And a sea of tidal waves,
To wash us all away,
And if we don't behave
They'll cut us down again
And we'll be hopping round on one foot
And looking through one eye.
Last time I saw you
We had just split in two.
You were looking at me.
I was looking at you.
You had a way so familiar,
But I could not recognize,
Cause you had blood on your face;
I had blood in my eyes.
But I could swear by your expression
That the pain down in your soul
Was the same as the one down in mine.
That's the pain,
Cuts a straight line
Down through the heart;
We called it love.
So we wrapped our arms around each other,
Trying to shove ourselves back together.
We were making love,
Making love.
It was a cold dark evening,
Such a long time ago,
When by the mighty hand of Jove,
It was the sad story
How we became
Lonely two-legged creatures,
It's the story of
The origin of love.
That's the origin of love.
quarta-feira, 27 de agosto de 2008
Sobre como temos que ser
Porque é que achamos que sermos como somos é a nossa principal incapacidade para ser feliz?
Porque só conseguimos olhar para os nossos defeitos, para as nossas culpas, para o que não temos, para o que queríamos ser e não somos?
O que é que nos tolda e nos torna incapaz de nos vermos como um todo? E, acima de tudo, porque achamos sempre que nunca ninguém nos vai amar? Que nunca ninguém nos vai compreender? Que nunca ninguém nos vai dar o que necessitamos?
Talvez seja chegada a altura de olhar para nós. Seres imperfeitos à procura... E assumirmos que somos assim: encantadoramente imperfeitos. Com dúvidas e erros e sempre em busca de nós e dos outros.
Sermos nós próprios não é uma incapacidade. É uma coisa realmente fantástica, sermos únicos, fechados no nosso invólucro e sentir coisas que nunca ninguém vai sentir. Apesar de o sentirmos muitas vezes como uma solidão, existem momentos, pequenos momentos. Uma estrela que risca o céu a anos-luz da terra, um ápice, um macro-segundo em que conseguimos estar em sintonia com o outro. E, na minha opinião, vale a pena viver só para sentir isso.
É magia...
Porque só conseguimos olhar para os nossos defeitos, para as nossas culpas, para o que não temos, para o que queríamos ser e não somos?
O que é que nos tolda e nos torna incapaz de nos vermos como um todo? E, acima de tudo, porque achamos sempre que nunca ninguém nos vai amar? Que nunca ninguém nos vai compreender? Que nunca ninguém nos vai dar o que necessitamos?
Talvez seja chegada a altura de olhar para nós. Seres imperfeitos à procura... E assumirmos que somos assim: encantadoramente imperfeitos. Com dúvidas e erros e sempre em busca de nós e dos outros.
Sermos nós próprios não é uma incapacidade. É uma coisa realmente fantástica, sermos únicos, fechados no nosso invólucro e sentir coisas que nunca ninguém vai sentir. Apesar de o sentirmos muitas vezes como uma solidão, existem momentos, pequenos momentos. Uma estrela que risca o céu a anos-luz da terra, um ápice, um macro-segundo em que conseguimos estar em sintonia com o outro. E, na minha opinião, vale a pena viver só para sentir isso.
É magia...
terça-feira, 26 de agosto de 2008
Sobre o pragmatismo
Pragmatismo
Doutrina filosófica que adopta como critério da verdade a utilidade prática, identificando o verdadeiro com o útil.
A utilidade da verdade. Unicamente o que tem utilidade práctica é verdadeiro. Pragmática? Não. Não acredito numa filosofia que apenas a utilidade gere o que é verdadeiro. Isso anularia o sonho, que é o que move o ser humano. Tento ser práctica. E ser práctica apenas remete para a acção. Ao longo dos anos aprendi que passar muito tempo em auto-comiseração não dá bons resultados. Embora seja o meu eu maníaco-depressivo que fale mais alto em algumas alturas.
Acredito na clareza das ideias. Ás vezes é necessário um abanão para dissipar o nevoeiro e fitar mais além.
Irrita-me a inacção. Irrita-me a falta de ambição. Irrita-me culpas. Pensando bem existem uma série de coisas que me irritam. Mas isto não quer dizer que não vacile. Muitas vezes tenho a sensação que passo os meus dias a vacilar. Mas é essa mesma procura de equílibrio que me move para a acção.
Mais vale fazer do que passar o resto da vida a pensar que o deveria ter feito. Dissabores? Imensos. Mas isso é que faz uma vida cheia. As recordações são a nossa bagagem. Não quero chegar ao fim da viagem com apenas uma carteira.
Doutrina filosófica que adopta como critério da verdade a utilidade prática, identificando o verdadeiro com o útil.
A utilidade da verdade. Unicamente o que tem utilidade práctica é verdadeiro. Pragmática? Não. Não acredito numa filosofia que apenas a utilidade gere o que é verdadeiro. Isso anularia o sonho, que é o que move o ser humano. Tento ser práctica. E ser práctica apenas remete para a acção. Ao longo dos anos aprendi que passar muito tempo em auto-comiseração não dá bons resultados. Embora seja o meu eu maníaco-depressivo que fale mais alto em algumas alturas.
Acredito na clareza das ideias. Ás vezes é necessário um abanão para dissipar o nevoeiro e fitar mais além.
Irrita-me a inacção. Irrita-me a falta de ambição. Irrita-me culpas. Pensando bem existem uma série de coisas que me irritam. Mas isto não quer dizer que não vacile. Muitas vezes tenho a sensação que passo os meus dias a vacilar. Mas é essa mesma procura de equílibrio que me move para a acção.
Mais vale fazer do que passar o resto da vida a pensar que o deveria ter feito. Dissabores? Imensos. Mas isso é que faz uma vida cheia. As recordações são a nossa bagagem. Não quero chegar ao fim da viagem com apenas uma carteira.
Sobre as coisas que não se dizem
Os versos que te fiz
Deixe dizer-te os lindos versos raros
Que a minha boca tem pra te dizer !
São talhados em mármore de Paros
Cinzelados por mim pra te oferecer.
Tem dolencia de veludo caros,
São como sedas pálidas a arder...
Deixa dizer-te os lindos versos raros
Que foram feitos pra te endoidecer !
Mas, meu Amor, eu não te digo ainda...
Que a boca da mulher é sempre linda
Se dentro guarda um verso que não diz !
Amo-te tanto ! E nunca te beijei...
E nesse beijo, Amor, que eu te não dei
Guardo os versos mais lindos que te fiz.
Deixe dizer-te os lindos versos raros
Que a minha boca tem pra te dizer !
São talhados em mármore de Paros
Cinzelados por mim pra te oferecer.
Tem dolencia de veludo caros,
São como sedas pálidas a arder...
Deixa dizer-te os lindos versos raros
Que foram feitos pra te endoidecer !
Mas, meu Amor, eu não te digo ainda...
Que a boca da mulher é sempre linda
Se dentro guarda um verso que não diz !
Amo-te tanto ! E nunca te beijei...
E nesse beijo, Amor, que eu te não dei
Guardo os versos mais lindos que te fiz.
sexta-feira, 1 de agosto de 2008
Sobre os Amigos
Os nossos amigos sabem sempre o que fariam se estivessem no nosso lugar.
As relações de amizade são imprescindíveis? Será possível a isolação da verdadeira amizade?
Julgo que sim, conheço várias pessoas que os seus relacionamentos afectivos são pouco profundos, desinteressantes e circulam apenas na esfera do social.
No entanto, quando as ditas 'amizades' passam para um nível mais profundo, que direitos existem nestas relações?
Chega a um momento em que o papel de amigo evolui para um papel paternalista.
As pessoas julgam que por nos conhecerem há muitos anos, por nos acompanharem em diversas fases da vida nós somos límpidos e claros para eles.
Mas será que os amigos não vivem num estado constante de enamoramento? Não procurarão no outro o que lhes falta ou o que mais gostam neles próprios?
E não será mesmo esse o papel da amizade? Não será procurar algo que nos complete de algum modo?
Ver no outro a nossa força ou as nossas maiores fraquezas é apenas uma busca de nós próprios. A identificação é necessária, é no confronto com os outros que nos conhecemos.
Mas todos somos um prisma. Com várias facetas, vários eus. Na amizade também se assumem papéis. Quando pouco a pouco mostramos as várias vertentes que temos isso pode ser um choque para quem os rodeia. Quando alguém acha que cuida de nós quando na verdade nós apenas o deixamos pensar que isso acontece, em que pé fica a amizade?
Quando nos cansamos dos nossos papéis e desejamos que o outro nos veja como seres humanos completos, como reagir a esta exposição?
A primeira reacção é pôr a relação em causa. Já não me amas como me amavas. Já não precisas de mim. Sempre o eu.
O que será necessário para as pessoas compreenderem que numa relação o 'outro' tem tanto peso como o 'eu'?
As relações de amizade são imprescindíveis? Será possível a isolação da verdadeira amizade?
Julgo que sim, conheço várias pessoas que os seus relacionamentos afectivos são pouco profundos, desinteressantes e circulam apenas na esfera do social.
No entanto, quando as ditas 'amizades' passam para um nível mais profundo, que direitos existem nestas relações?
Chega a um momento em que o papel de amigo evolui para um papel paternalista.
As pessoas julgam que por nos conhecerem há muitos anos, por nos acompanharem em diversas fases da vida nós somos límpidos e claros para eles.
Mas será que os amigos não vivem num estado constante de enamoramento? Não procurarão no outro o que lhes falta ou o que mais gostam neles próprios?
E não será mesmo esse o papel da amizade? Não será procurar algo que nos complete de algum modo?
Ver no outro a nossa força ou as nossas maiores fraquezas é apenas uma busca de nós próprios. A identificação é necessária, é no confronto com os outros que nos conhecemos.
Mas todos somos um prisma. Com várias facetas, vários eus. Na amizade também se assumem papéis. Quando pouco a pouco mostramos as várias vertentes que temos isso pode ser um choque para quem os rodeia. Quando alguém acha que cuida de nós quando na verdade nós apenas o deixamos pensar que isso acontece, em que pé fica a amizade?
Quando nos cansamos dos nossos papéis e desejamos que o outro nos veja como seres humanos completos, como reagir a esta exposição?
A primeira reacção é pôr a relação em causa. Já não me amas como me amavas. Já não precisas de mim. Sempre o eu.
O que será necessário para as pessoas compreenderem que numa relação o 'outro' tem tanto peso como o 'eu'?
Início
Tal como existe um fim para tudo, também existe o seu início.
Os Afluentes do Silêncio pretendem, em primeiro lugar, ser uma singela homenagem a Eugénio de Andrade. A segunda intenção é assumirem um papel de diário de pensamentos. Afluentes que se cruzam na mente e que podem ter a sua expressão neste espaço.
O meio facilita a exposição, mais do que o papel. Contudo, não existe nenhuma intenção de partilha. Não é esse o meu objectivo. Pretendo uma documentação apenas.
Os Afluentes do Silêncio pretendem, em primeiro lugar, ser uma singela homenagem a Eugénio de Andrade. A segunda intenção é assumirem um papel de diário de pensamentos. Afluentes que se cruzam na mente e que podem ter a sua expressão neste espaço.
O meio facilita a exposição, mais do que o papel. Contudo, não existe nenhuma intenção de partilha. Não é esse o meu objectivo. Pretendo uma documentação apenas.
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